Na comunidade ribeirinha de Barra de São Lourenço, no Pantanal de Mato Grosso do Sul, famílias que antes sobreviviam da pesca, da coleta de iscas vivas e da agricultura de subsistência dependem de doações para viver desde o ano passado, quando viram a região ser devastada pelas queimadas.
Em 2020, o Pantanal foi atingido pela maior tragédia de sua história. Incêndios destruíram cerca de 4 milhões de hectares. 26% do bioma - uma área maior que a Bélgica - foi consumida pelo fogo. Cerca de 4,6 bilhões de animais foram afetados e ao menos 10 milhões morreram.
Só no território de Mato Grosso do Sul, 1,7 milhão de hectares virou cinzas. No Mato Grosso, a destruição foi maior: quase 2,2 milhões de hectares.
A região ainda não se recuperou direito e corre agora o risco de reviver essa catástrofe -- e talvez numa escala até pior, segundo alerta de cientistas. A previsão é de um novo recorde de estiagem neste inverno. Somado a isso, o país vive uma crise hídrica, que também assola a região, com o nível dos rios mais baixo para essa época.
O alerta de uma nova grande estiagem no Pantanal vem a partir de estudos como o do pesquisador Marcelo Parente Henriques, do Serviço Geológico do Brasil (SGB-CPRM). Ele aponta que, pelo segundo ano consecutivo, está previsto um recorde histórico de estiagem na região.
Segundo Henriques, as sete estações fluviométricas instaladas ao longo do rio Paraguai - principal curso de água do Pantanal -, entre Cáceres (MT) e Porto Murtinho (MS), têm apresentado níveis bem abaixo da média.
O motivo é a pouca chuva na região. De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a precipitação dos últimos meses na bacia do alto Paraguai ficou abaixo do esperado. O Pantanal não tem uma “cheia” há três anos, conforme dados do SGB-CPRM. A principal condição para que ela aconteça é que o nível d’água na estação fluviométrica de Ladário supere os 4 metros. A última vez foi em 2018, quando atingiu a máxima de 5,35 metros.
O bioma Pantanal é considerado uma das maiores extensões úmidas contínuas do planeta. Cerca de 60% do seu território está no Mato Grosso do Sul e os 40% restantes, no Mato Grosso. A proteção da região é de responsabilidade conjunta do governo federal, por meio do Ibama, ligado ao Ministério do Meio Ambiente, e dos dois governos estaduais.
Em março, o ministério editou uma portaria decretando estado de emergência ambiental nos estados. A medida permite à pasta fazer, por exemplo, a alocação de recursos e preparar estruturas, como as brigadas de incêndio. Procurado pela reportagem, o ministério não informou as ações tomadas em relação ao Pantanal.
O secretário estadual de Meio Ambiente do Mato Grosso do Sul, Jaime Verruck, diz que até o momento não houve envio de recursos por parte do governo federal. Verruck conta que encaminhou ainda uma proposta de Acordo de Cooperação Técnica (ACT) com o Ibama e o Ministério Público Estadual (MPE) e o Ministério Público Federal (MPF), mas que ainda não obteve resposta.
Entre outros pontos, o secretário cita a necessidade da contratação de mais brigadistas do Prevfogo, de responsabilidade do Ibama.
Com informações do G 1 MS
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