O apresentador Raul Gil não deixará mais o SBT em março, como se anunciou em novembro. Em uma reviravolta que não chega a surpreender na rede de Silvio Santos, Raul Gil terá seu contrato renovado. Seu programa continuará nas tardes dos sábados, como era antes. Com isso, Celso Portiolli continuará à frente do Domingo Legal e do Sabadão, que seriam extintos com sua mudança para a vaga de Raul Gil.
A reviravolta foi provocada pelo próprio Raul Gil. O apresentador procurou José Roberto Maciel, vice-presidente da emissora, que por sua vez conversou com Silvio Santos. O dono do SBT autorizou a renovação do contrato e o cancelamento das mudanças.
Além disso, os executivos do SBT chegaram à conclusão de que a nova atração de Portiolli custaria mais do que o Programa Raul Gil, realizado em regime de coprodução, e não traria, necessariamente, mais audiência. Dificilmente Portiolli daria um resultado econômico melhor do que Raul Gil. Também não se chegou a uma alternativa satisfatória, e barata, para substituir Portiolli no início das tardes dos domingos. Corria-se o risco de prejudicar o programa de Eliana Michaelichen.
No início de novembro, Raul Gil Jr., diretor do Programa Raul Gil, anunciou em rede social que seu pai deixaria o SBT em dezembro, ao final de seis anos de contrato. Uma semana depois, em uma conversa com Silvio Santos, Raul Gil aceitou prorrogar o contrato em mais dois meses, até o final de fevereiro, para que desse tempo de o SBT preparar uma nova atração para o horário.
Na época, a avaliação era a de que o Programa Raul Gil seria incapaz de fazer frente à grade que a Record esboçava para os sábados de 2017, com Xuxa Meneghel e Sabrina Sato. Por uma estratégia de programação, o SBT deveria investir em algo mais moderno, mais jovem _e a solução seria Celso Portiolli.
A avaliação agora é outra. Sem Xuxa e Sabrina nas tardes da Record, é melhor manter tudo como estava, mesmo que Raul Gil eventualmente perca no Ibope para os desenhos e filmes da rede de Edir Macedo.
Essa é a explicação racional da reviravolta. Há uma outra versão, que circulou em novembro no mercado, de que a saída de Raul Gil teria sido consequência de um "choque de egos" e de fofocas.
O apresentador teria ido conversar pessoalmente com Silvio Santos. Teria reclamado que os anúncios das empresas do Grupo Silvio Santos nos intervalos do vespertino deveriam ser considerados na contabilidade da divisão de despesas e receitas entre o SBT e a Luar, a produtora de Raul Gil. Em outras palavras, o SBT deveria remunerar o apresentador do banquinho pelos anúncios de Jequiti e Tele Sena, por exemplo.
Silvio Santos não teria gostado da abordagem de Raul Gil. "Se você não está feliz, tiro o seu programa do ar", teria dito. "Você é o dono, se quiser, sem problemas, eu saio", teria dito Raul Gil.
Uma outra versão relata que Silvio Santos estaria cansado de ouvir comentários de que Raul Gil não estava satisfeito no SBT, que vivia reclamando. Nos corredores da emissora, o apresentador vinha sendo chamado de "Adriane Galisteu de calças".
Executivos do SBT, no entanto, contestam as versões. Dizem que Silvio Santos só conversou com Raul Gil em novembro para informá-lo de que a decisão de renovar contrato não era algo pessoal, mas uma estratégia de programação. E que a decisão de manter o programa de Raul Gil, agora, partiu do próprio Silvio.
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