A partir de janeiro de 2019, o Sistema Único de Saúde (SUS) vai passar a oferecer, gratuitamente, o autoteste para diagnóstico do HIV. A informação foi confirmada em novembro deste ano pelo Ministério da Saúde. Atualmente, o autoteste é apenas comercializado em farmácias privadas.
Com a distribuição na rede pública, os cidadãos poderão retirar o autoteste nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), coletar a própria amostra (fluido oral ou sangue) e conferir o resultado. De acordo com o Ministério da Saúde, o teste vai aumentar a autonomia do indivíduo, descentralizar serviços e criar demanda de testes de HIV entre aqueles não alcançados pelos serviços ou que precisam ser testados com mais frequência devido à exposição contínua ao risco.
Isso significa que mais pessoas terão acesso ao diagnóstico, aumentando o alcance da oferta de tratamento gratuito pelo SUS. Consequentemente, poderá reduzir a taxa de transmissão e controlar situações de epidemia, uma vez que pessoas em tratamento podem chegar a ter carga viral indetectável e, assim, não transmitir o HIV.
“Em vez de ficar infectado por anos e manter a cascata de transmissão, se o paciente sabe o diagnóstico de forma precoce, ele vai começar a terapia antirretroviral e, se alcançar uma carga viral indetectável por seis meses, ela se torna incapaz de transmitir o HIV”, explica a infectologista Roberta Schiavon, membro do Comitê de HIV/Aids da Sociedade Brasileira de Infectologia.
Serão 400 mil autotestes distribuídos nas unidades de saúde que, atualmente, já oferecem o teste rápido. O projeto-piloto de distribuição gratuita do autoteste já foi realizado em cidades de São Paulo, Bahia, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Amazonas e Paraná.
Controle epidemiológico
A decisão de distribuir autotestes foi uma resposta aos números: entre 2013 e 2017, houve uma queda expressiva de 16% dos óbitos por Aids no Brasil. No entanto, o País foi um dos únicos do mundo que, nos últimos anos, registrou aumento na incidência da doença.
O problema maior é com a população de jovens Homens que fazem Sexo com Homens (HSH). Dados do Ministério da Saúde apontam que 73% das novas infecções de HIV ocorrem em pessoas do sexo masculino. Nesse universo, mais de 70% dos casos está na faixa etária entre 15 a 39 anos.
Como funciona?
O autoteste funciona de duas maneiras: com punção digital (feito com uma gota de sangue) e fluido oral (com material colhido na mucosa da boca). Uma das principais vantagens é a conveniência e comodidade para quem procura saber se está infectado com o vírus. “O cidadão terá acesso ao diagnóstico no momento em que puder ou desejar fazer o autoteste”, explica Sérgio D’Ávila, gerente de Infecções Sexualmente Transmissíveis da Secretaria de Saúde do Distrito Federal.
Apoio completo
Apesar de todas as facilidades e benefícios do autoteste, nos casos em que o resultado é positivo, o momento da descoberta pode ser muito difícil emocional e psicologicamente. “O autoteste é uma ferramenta bastante interessante, com uma boa sensibilidade e especificidade. Ele vem com uma bula que explica exatamente como deve ser feita a coleta do material. Apesar disso, não é fácil se autodescobrir infectado”, explica Roberta Schiavon.
Tanto nas caixinhas que já são comercializadas quanto naquelas que serão distribuídas pelo SUS no próximo ano, haverá um número de telefone gratuito, por meio do qual a pessoa receberá apoio. Esse atendimento vai estar disponível 24h por dia. “O paciente vai receber, além do apoio emocional, orientação sobre o que fazer e para onde ir para fazer o teste confirmatório”, explica Roberta.
Após o resultado positivo, o paciente deve ligar imediatamente para o número disponível na embalagem do autoteste. Se estiver impossibilitado de fazer a ligação, deve procurar o Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA) ou o Centro de Referência em DST/Aids mais próximo para fazer o teste confirmatório, que é indispensável, e começar a terapia antirretroviral o mais rápido possível.
Com informações do Portal Brasil
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