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26/03/2020 às 15:30, Atualizado em 26/03/2020 às 14:17

Riscos da automedicação em crianças

Os remédios mais comuns usados sem prescrição médica são os analgésicos, antitérmicos, anti-inflamatórios, antigripais, xaropes para tosse, vitaminas e antiácidos.

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Divulgação

A prática popular de acionar o “Dr. Google” quando surgem dores diversas, febres, gripes e problemas de saúde é muito comum no Brasil.

Segundo pesquisa do Conselho Federal de Farmácia (CFF), 25% da população brasileira se automedica pelo menos uma vez por semana, quase metade uma vez por mês e o hábito é comum entre 77% dos brasileiros.

Os remédios mais comuns usados sem prescrição médica são os analgésicos, antitérmicos, anti-inflamatórios, antigripais, xaropes para tosse, vitaminas e antiácidos.

A prática é bastante perigosa para a saúde de todas as pessoas, mas a questão é ainda mais delicada quando se trata de crianças.

Os especialistas da Rede D'Or São Luiz reforçam que automedicar crianças é perigoso, pois pode gerar efeitos colaterais indesejáveis, intoxicação, mascarar doenças graves e agravar o problema de saúde manifestado por meio dos sintomas.

A consulta ao pediatra é imprescindível. Ele poderá receitar o medicamento, indicar as doses e frequência adequadas, de acordo com o quadro clínico, idade e peso da criança.

Intoxicação

Se o medicamento e a dose ministrada forem equivocados e acima do que seria recomendado, o risco de intoxicação é alto e pode até ser fatal.

Os sintomas da intoxicação medicamentosa são diversos: alteração no ritmo dos batimentos cardíacos, no diâmetro das pupilas, na pressão arterial, dor abdominal, suor excessivo, vômitos, diarreia, vermelhidão ou feridas na pele, sonolência, desequilíbrio no sistema excretor (fezes e urina) e alucinações.

Caso esses sintomas apareçam depois da automedicação, é recomendado levar a criança imediatamente ao pronto socorro e informar ao médico corretamente quais a substância e a dose que foram ministradas.

Mascarar os sintomas

Outro problema da medicação inadequada, usando como base os sintomas, é o risco de mascarar um sintoma. O que parece ser uma simples dor de barriga, febre ou gripe, pode indicar doenças mais graves.

Sem uma avaliação pediátrica criteriosa não é possível ter um diagnóstico correto e a prática da automedicação pode até agravar o quadro clínico.

Resistência bacteriana

Um grande erro da automedicação é repetir a receita de um antibiótico já receitado anteriormente quando os sintomas de um problema de saúde voltam a aparecer.

O uso indiscriminado deste tipo de medicação pode tornar as bactérias causadoras da doença mais resistentes, o que faz com que no futuro seja necessário doses mais altas.

A resistência bacteriana causada por excesso de antibióticos é a 5ª maior ameaça à saúde global, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Combinação indevida de medicamentos

Um exemplo: pense em uma família que teve uma criança atendida por um pediatra em Santo André. Ou seja, já está tomando alguma medicação prescrita para o quadro que ela apresenta. Portanto, não compete aos pais ou responsáveis acrescentarem outros remédios que não foram receitados pelo especialista, por achar que a criança vai melhorar mais rápido.

É totalmente desaconselhável ministrar outra substância medicamentosa sem consultar o médico. Isso vale para remédios "aparentemente inofensivos", como antitérmicos e analgésicos.

Essa prática pode causar problemas de saúde secundários no estômago e rins. E em alguns casos podem ser fatais.

Outra ponto de atenção é que algumas substâncias medicamentosas, quando usadas ao mesmo tempo, podem anular ou potencializar a ação uma da outra.

Dicas importantes

Mantenha contato com o pediatra. Ao aparecerem sintomas, o mais correto é buscar o atendimento médico o mais rápido possível, seja no consultório, emergência hospitalar ou clínica. Se não for possível, ligue para o pediatra e converse sobre a situação. Somente um especialista pode indicar quais atitudes devem ser tomadas em cada caso.

Remédio não é doce. Remédios muitas vezes são coloridos e docinhos e podem ser confundidos pelas crianças com guloseimas. Uma recomendação importantíssima é jamais dizer a uma criança que um remédio um tipo de doce para convencê-la a tomar. Se o gosto for bom, isso despertará nela a vontade de buscar por mais.

Não é à toa que a recomendação de manter os medicamentos fora do alcance das crianças é tão comum em suas embalagens e bulas. O ideal é manter os remédios em locais altos ou trancados e não descuidar nunca.

Informação clara. Quando a criança tiver que ser medicada na creche, escola ou por qualquer pessoa, é fundamental que a dosagem e os horários sejam claramente informados. Para evitar esquecimentos, recomenda-se o uso de despertadores.

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