Evento à margem da Assembleia Geral debateu perigos da ‘infodemia’ e como combater problema; secretário-geral da ONU destacou importância de comunicação para construir confiança sobre vacinas; declaração conjunta de seis agências das Nações Unidas e parceiros afirma que as "fake news" ameaçam resposta global à pandemia.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) realizou na quarta-feira (23) um evento com o tema "Gestão da infodemia: promovendo comportamentos saudáveis em tempos de COVID-19 e mitigando os danos da desinformação".
O secretário-geral da ONU afirmou por mensagem de vídeo que "a COVID-19 não é apenas uma emergência de saúde pública, é também uma emergência de comunicação."
Segundo António Guterres, "assim que o vírus se espalhou pelo globo, mensagens imprecisas e até perigosas proliferaram descontroladamente nas redes sociais, deixando as pessoas confusas, enganadas e imprudentes."
Para ele, "o antídoto é garantir que fatos científicos e orientações sobre saúde circulem ainda mais rápido e alcancem as pessoas onde quer que elas acessem informações."
Segundo Guterres, isso será especialmente importante para construir a confiança do público na segurança e eficácia de futuras vacinas.
Guterres mencionou a iniciativa das Nações Unidas "Verificado", que coopera com parceiros de mídia, influenciadores e redes sociais para divulgar conteúdos científicos, oferecer soluções e inspirar solidariedade.
Para o chefe da ONU, "só juntos e solidários, com um público bem informado, é possível sair desta pandemia seguros e melhores."
No final do evento, uma declaração conjunta de seis agências da ONU e parceiros pediu que os Estados-membros combatam o problema, distribuindo informações precisas, com base na ciência, para todas as comunidades e, em particular, grupos de alto risco.
Segundo as agências, a COVID-19 é a primeira pandemia na história em que a tecnologia e as redes sociais estão sendo usadas em grande escala para manter as pessoas seguras, informadas, produtivas e conectadas.
Ao mesmo tempo, essa tecnologia está permitindo uma "infodemia" que prejudica a resposta global e compromete as medidas de controle.
Diagnóstico
A declaração menciona tentativas de espalhar informações erradas para promover agendas alternativas de grupos ou indivíduos, o que acaba custando vidas.
As agências afirmam que "sem confiança e informações corretas, os testes de diagnóstico não serão usados, as campanhas de imunização não cumprirão suas metas e o vírus continuará prosperando."
Além disso, o debate público continua sendo polarizado, amplificando o discurso de ódio, o risco de conflito, violência e violações dos direitos humanos.
Perspectivas de longo prazo para o avanço da democracia, direitos humanos e coesão social também estão sendo ameaçadas.
Foi neste contexto que o secretário-geral da ONU lançou a iniciativa de Resposta às Comunicações das Nações Unidas, em abril desse ano.
A organização também publicou uma Nota de Orientação sobre como Abordar e Combater o Discurso de Ódio relacionado à COVID-19.
Na Assembleia Mundial da Saúde, em maio, os Estados-membros da OMS também aprovaram uma resolução sobre o tema.
Agora, as agências e parceiros pedem que os líderes cooperem e ouçam suas comunidades. Também apelam a outras partes interessadas, como jornalistas e redes sociais e pesquisadores, para desenvolverem estratégias eficazes contra o problema.
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