Mesmo com o avanço da imunização contra o coronavírus, a variante Delta da Covid-19 já deve estar circulando em Mato Grosso do Sul, de acordo com a infectologista Mariana Croda.
“Eu acredito que já há circulação de Delta em Mato Grosso do Sul, apesar de termos vários estudos para reconhecer quais cepas estão circulando no Estado, são estudos que exigem tempo. Além de já termos a presença confirmada das variantes em estados de divisa, temos municípios em surtos isolados, o que acende o alerta”, explicou.
Atualmente, quatro variantes preocupam as autoridades de saúde: Alpha, Beta, Gamma e, especialmente, a Delta, que se espalha com mais facilidade.
A variante Delta, descoberta originalmente na Índia, foi identificada pela primeira vez no Maranhão, em maio, e também registrada em São Paulo. A cepa está presente em mais de 111 países no momento, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).
A variante é mais transmissível do que as outras cepas do vírus da Covid-19 e, segundo a OMS, tem a possibilidade de gerar reinfecção em quem já teve a doença ou de possivelmente escapar da cobertura vacinal.
No Brasil, casos já foram detectados no Maranhão, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná, Goiás, São Paulo e Pernambuco.
A OMS divide as variantes em dois tipos: as de “interesse” e as de “preocupação”. As de “preocupação” geralmente são mais transmissíveis e violentas. Até o momento, 13 variantes de coronavírus foram confirmadas no Estado, de acordo com a Secretária Estadual de Saúde (SES).
Nesta semana, o secretário estadual de Saúde, Geraldo Resende, informou que, apesar da campanha de vacinação ter avançado no Estado, a doença ainda está muito presente.
“Em estados vizinhos existe a variante delta, em São Paulo, Goiás e Paraná. Temos aí um percentual bastante expressivo em algumas cidades perto das fronteiras desses estados”, disse o secretário.
AGRAVAMENTO DA PANDEMIA
Em Chapadão do Sul, os casos de Covid-19 registraram aumento e o prefeito decretou lockdown até o dia 27 de julho para frear o contágio. A cidade ocupa a bandeira vermelha do mapa do Programa de Saúde e Segurança na Economia (Prosseguir), o que indica grau alto de risco para contágio.
Com isso, ficam suspensas as atividades escolares, comerciais, empresariais, de prestação de serviços, de serviços públicos, esportivas, recreativas e religiosas de todos os cultos.
A infectologista Mariana Croda associa o aumento de casos confirmados, a circulação da variante Delta da Covid-19.
“Quando começamos a ter surtos individuais é importante que tenhamos o rastreamento de contato, atribuímos isso ao relaxamento das medidas que levam ao aumento rápido em local que têm a diminuição de casos. Eu acredito que já seja a circulação de novas variantes ”, apontou Croda.
Chapadão do Sul registrou três casos confirmados e nenhuma morte por Covid-19 nas últimas 24 horas, conforme os dados do boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria Estadual de Saúde (SES).
A infectologista destaca a importância do controle de entrada de pessoas nos municípios e a identificação e monitoramento de casos confirmados, para então saber se essa pessoa está isolada e cumprindo os cuidados necessários.
"Todos os cuidados devem continuar mantidos, a gente tem um número relativamente grande de jovens que ainda não foram vacinados e teremos o retorno de atividades presenciais e aulas, com isso começamos a ter surtos isolados", apontou.
EFICÁCIA
Estudos realizados apontam que as vacinas da Pfizer e da AstraZeneca são eficazes para a mutação.
As vacinas disponíveis contra a Covid-19 demonstram proteção contra a variante delta original, apesar de serem menos eficazes. Uma dose da Pfizer e AstraZeneca tem 33% de eficácia contra a doença sintomática provocada pela variante delta.
Após duas doses, AstraZeneca revela eficácia de 60%, contra 88% da Pfizer.
Devido ao agravamento de casos confirmados, os municípios de Costa Rica, Chapadão do Sul e Três Lagoas foram contemplados com doses extras da vacina Janssen.
Os imunizantes são sobras do estudo realizado em 13 municípios fronteiriços, entretanto, um estudo, realizado pela Univesidade de Nova York (NYU), indica que a vacina pode ser menos efetiva contra as variantes Delta e Lambda do coronavírus.
A infectologista Mariana Croda destacou que a pesquisa ainda não passou por revisão e que essa questão ainda está em aberto.
“Não há nenhum estudo conclusivo sobre a necessidade de reforço, seguimos as determinações do Programa Nacional de Imunizações, ainda é muito cedo para falarmos em aplicar mais uma dose do imunizante. Além disso, não contamos apenas com o efeito da vacina, mas também com a proteção coletiva”, disse.
A secretária de saúde de Chapadão do Sul, Valéria dos Santos, apontou que o agravamento da pandemia no município não deve ter relação com variantes.
“Estamos preocupados com a variante Delta, mas até o momento ela não foi confirmada, temos recebido dados constantes da Vigilância Sanitária e não consta a presença de uma variante além das já registradas no Estado. Recebemos doses extras do imunizantes da Johnson e acreditamos na eficácia, estamos confiantes que esse momento vai passar”, destacou.
Conforme dados do vacinômetro, 2.214.921 doses foram aplicadas no Estado desde 18 de janeiro de 2021, início da campanha de imunização.
Com isso, 75,32% da população sul-mato-grossense está vacinada e 42,06% imunizada com às duas doses ou dose única.
Com informações do Correio do Estado
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