Enquanto faltam vacinas na rede pública de saúde, os casos de sarampo avançam na divisa com Mato Grosso do Sul. Nesta quarta-feira (31), a Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo, estado vizinho, confirmou 633 pessoas com a doença em 2019. Sem a tetra viral, aplicada para proteger contra esta e outras doenças no estoque das unidades sul-mato-grossense, o risco de apareceram casos no Estado aumenta.
Considerada erradicada do País até o ano passado, o sarampo é uma doença infecciosa aguda, de natureza viral, grave, transmitida pela fala, tosse e espirro, e extremamente contagiosa, mas que pode ser prevenida pela vacina. “É uma doença de alta transmissibilidade. Uma pessoa pode infectar mais dez durante o período em que está doente”, explica o infectologista Maurício Pompilio.
Em 2016, o País recebeu o certificado internacional de eliminação do sarampo. O reconhecimento havia sido concedido pela Opas (Organização Panamericana de Saúde) devido ao baixo número de casos nos últimos anos, em geral vinculados a surtos importados de outros países.
Porém, a queda na cobertura vacinal associada ao aumento dos fluxos migratórios fez com que a doença voltasse a fazer vítimas no Brasil. “O sarampo não é controlado em diversos locais no mundo. Não só nas américas, mas também em lugares da Europa”.
O principal foco das imunização são as crianças e adolescentes. O motivo é maior chance de contrair e transmitir a doença. Pessoas mais velhas têm maior probabilidade de já terem tido sarampo e, por isso, menos chance contraí-la novamente.
Por este motivo, o calendário nacional de vacinação prevê a aplicação da treta viral já nos primeiros anos de vida. A imunização ocorre em dose única aos 15 meses e protege contra sarampo, caxumba, rubéola e varicela.
A rede pública de saúde Mato Grosso do Sul e outros estados brasileiros enfrenta a falta desta vacina. Em Campo Grande, a imunização não está disponível há mais de dois meses. Dados do Ministério da Saúde mostram a queda na cobertura vacinal contra o sarampo nos últimos anos. Em 2015, o porcentual chegou 70,94%. No ano anterior, a cobertura foi de 103,64%.
Diante das ameaças verificadas em 2018, as campanhas foram intensificadas e a SES (Secretaria de Estado de Saúde) conseguiu 99% de cobertura vacinal de crianças de 1 a 5 anos. Dos 79 municípios do Estado, 75 superaram a meta de vacinação de 95%.
Pompilio explica que em casos como o de São Paulo, em que é necessária realização de campanha de forma emergencial, devido ao avanço do sarampo, podem ser aplicadas vacinas monovalente ou trivalente.
Outras vacinas - Não só a tetra viral está em falta nos estoques de vacina da rede de saúde de Mato Grosso do Sul. A distribuição de vacinas pentavalente, DTP, DTPa e meningo C (Meningocócica) também estão prejudicadas.
Conforme a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) o motivo é falta de estoque e ou liberação do INCQS (Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde). “Desta forma, o município deve aguardar o envio destas vacinas pelo Ministério da Saúde ao Estado para que o estoque nas unidades possa ser regularizado”. A SES se manifestou da mesma forma.
A DTP é aplicada em duas doses e protege contra difteria, tétano, pertussis (coqueluche) e infecções graves pelo Haemophilus influenzae tipo b. O primeiro reforço é aplicado aos 14 meses e o segundo aos 4 anos de idade. A vacina contra a meningite é aplicada também em duas doses - a primeira aos 3 meses de idade e a segunda aos cinco meses, além de reforço aos 12 meses. Já a pentavalente é aplicada em três doses aos 2, 4 e 6 meses.
Medicamento - Nesta terça-feira, a reportagem do Campo Grande News, mostrou problemas no fornecimento de medicamentos na Capital. Dos cerca de 300 tipos de medicamentos disponibilizados pela Sesau, 60 sumiram do estoque farmacêutico ou estão com itens limitados. O número equivale a 20% do total de remédios fornecidos de maneira gratuita para os pacientes atendidos pelo SUS (Sistema Único de Saúde). Leitores também relataram falta de medicamentos controlados na Casa de Saúde.
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