Em dois anos, 186 casos de pessoas “acumuladoras”, ou seja, com excesso de entulho e outros resíduos sólidos no quintal, passaram a ser monitorados pela Sesau (Secretaria Municipal de Saúde Pública) em Campo Grande. O objetivo além da verificação de danos ao meio ambiente, especialmente neste período de risco para epidemia da dengue, quando vários produtos podem se transformar em criadouros do Aedes Aegypti, é o de avaliar a saúde mental destas pessoas.
O monitoramento é feito por meio do Programa de Atenção Social aos Acumuladores em situação de Vulnerabilidade Social, criado em 2018. No primeiro ano, 46 casos foram acompanhados e, em 2019, outros 140. Eles incluem os catadores de resíduos sólidos.
Dentre os casos citados no relatório de gestão do programa estão os de acumuladores nos bairros Morada Verde, Vida Nova, Jardim Verdes Mares e Jardim das Hortênsias, mas segundo a coordenadora da CVSA (Coordenadoria de Vigilância em Saúde Ambiental), Silvia Barbosa do Carmo, “os acumuladores estão em todas as regiões”.
A reportagem do Campo Grande News foi até o bairro Morada Verde e encontrou uma residência com alguns resíduos na varanda, incluindo garrafas e cadeiras velhas. Os moradores negaram a existência de qualquer catador na casa e não quiseram dar entrevista.
Outra moradora, que não quis se identificar, comenta ter preocupação não só com esses resíduos, mas com os terrenos baldios descuidados pelo bairro.
De acordo com Silvia, muitos “acumuladores se identificam como catadores”, mas eles conseguem identificar o primeiro caso porque “a venda dos materiais é muito ínfima”.
No ano passado, um caso emblemático de acúmulo foi parar na delegacia. Na ocasião, mulher de 67 anos foi presa por manter a casa, no bairro Vilas Boas, tomada por lixo. Ela pagou fiança de R$ 2 mil e foi liberada.
Risco de dengue - Silvia enfatiza que, nesta época do ano, propícia ao aparecimento do mosquito transmissor da dengue, zika e febre do chikungunya, os trabalhos de monitoramento nestas casas são priorizados e isto não inclui apenas visitas de agentes de endemias.
"Fazemos um levantamento da situação e dependendo da situação já acionamos a equipe da Unidade Básica de Saúde". Segundo ela, isto inclui enfermeiros, assistentes sociais e até psiquiatras. A família do morador também é acionada. "O programa prevê não só melhorar o ambiente, limpar. Nossa preocupação não é só com dengue, mas o cuidado com a saúde da pessoa".
Ainda segundo Silvia, a limpeza só é realizada após autorização do morador. “Isto é um problema social que interfere diretamente no meio ambiente”, declara citando a reação em cadeia que, inclui também doenças como dengue, zika e chikungunya.
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