Com pelo menos 14 variantes do Coronavírus circulando, conforme demonstrou estudo realizado pela Secretaria de Estado de Saúde (SES) e Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) nesta semana, as taxas de contágio e de óbitos por Covid-19 continuam elevadas. Somente no mês de junho, até o último dia 28, foram 1.256 mortes em decorrência da doença. Destas, 10 são do município de Batayporã.
“Infelizmente, esse cenário se deve à rápida mutação do vírus. O estudo da SES e da UFMS mostrou que a predominância é da variante P.1, de Manaus. A característica dessa mutação é o contágio muito maior do que os das variantes registradas no ano passado. Ela é 2,4 vezes mais contagiosa que as outras formas do coronavírus”, explicou a secretária municipal de Saúde, Letícia Sanches.
Em 2020, de acordo com os boletins oficiais do Coronavírus publicados pela SES, o mês de junho começou com 20 óbitos por Covid-19 registrados em todo Mato Grosso do Sul. No dia 30, o total era de 76. Um ano depois, o mesmo período revela um salto de aproximadamente 2.243% dos índices. No dia 1º de junho, os registros eram de 6.867 mortes. Já no dia 28, o saldo foi de 8.123 vidas perdidas.
Em Batayporã, no início do mês havia 13 óbitos e, nesta terça-feira (29), a cidade acumula 23 mortes. “É uma situação lastimável. Uma tragédia para nosso município, ainda mais considerando o tamanho da nossa população. E também devemos refletir sobre a situação da referência regional, que é Nova Andradina. Por lá, foram 14 mortes desde o dia 1º. Visto que as internações são concentradas no Hospital Regional, e a proximidade das cidades, precisamos olhar essa realidade com muita atenção”, destacou a gestora.
Outro fator relevante é a taxa de letalidade do vírus, que não deve ser confundida com a taxa de mortalidade. A letalidade considera número de mortes em relação às pessoas que apresentam a doença ativa, e não em relação à população geral. Em 2020, o mês de junho terminou com taxa de letalidade de 1% em Mato Grosso do Sul. Neste ano, a taxa atual mais que dobrou e está em 2,4%. O percentual é próximo da média nacional, fixada em 2,8% segundo o Painel Coronavírus, do Governo Federal.
Enfrentamento
A receita é conhecida, mas ainda esbarra na resistência de muitas pessoas: uso de máscara, distanciamento social, higienização das mãos e vacinação. “Não tem novidade, não tem alternativa. Ou somos rígidos com essas medidas, ou não vamos conter a pandemia. O esforço tem que ser coletivo, tem que ser um compromisso dos governos e da população”, acrescentou Letícia.
Desde o dia 29 de maio, com a edição do Decreto Municipal n. 77/2021, a incidência de casos de Covid-19 em Batayporã tem diminuído. Na data, o município acumulava 63 casos ativos. Nos dias 1º e 9 de junho foi registrado o pico de 93 casos ativos. Ao longo da vigência das medidas restritivas, o município chegou a baixar para 9 casos no último dia 22 de junho. Nesta terça-feira (29), a marca foi de 16 casos ativos.
“Infelizmente, o vírus reage de forma muito adversa nas pessoas e, com as mutações, o monitoramento das reações está ainda mais difícil. Antes, acreditávamos que os mais velhos eram os que mais sofriam. Hoje já sabemos que 20% dos óbitos aqui do Estado nos últimos meses foram de pessoas jovens”, analisou a secretária.
O alerta emitido pelos números exige engajamento. A secretária adjunta de Estado de Saúde, Christine Maymone, concorda que a esperança de conter o avanço do Coronavírus está nas políticas de distanciamento social, incentivo ao uso de máscara e na vacinação em massa.
“Os estudos mostram que, até agora, a vacina está funcionando. Mas no caso da Influenza, o que a gente faz? A gente faz a vigilância genômica do ano e implementa a vacina para o ano seguinte, de acordo com as variantes que circularam. Só que esse vírus é diferente porque ele muda rapidamente. Precisamos chegar o quanto antes a uma imunidade coletiva, que é de 70% da população com as duas doses”, afirmou Christine à reportagem da SES-MS.
O sistema e-Vacine aponta que 16,20% da população de Batayporã está imunizada com a primeira e segunda dose (D1 e D2). Ao todo, são 6.769 doses aplicadas. Destas, 5.001 são D1, o que corresponde a 44,07% da população geral vacinada, e outras são 1.768 são D2. O desempenho do município é destaque no ranking estadual e figura frequentemente entre as cinco cidades mais céleres na imunização.
“O trabalho é contínuo e precisamos nos concentrar na mensagem de que a pandemia não passou. Cada vez que saímos apenas para o necessário, que deixamos de receber visitas, que priorizamos o uso correto da máscara e que vacinamos na nossa vez sem atrasos, estamos preservando vidas. Esses cuidados devem ser mantidos pelo tempo que forem necessários”, finalizou a responsável pela pasta da Saúde em Batayporã, Letícia Sanches.
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