Com mais mulheres e sem coligações. Essas são duas das exigências impostas pela Emenda Constitucional (EC) nº 97/2017 que estão dando trabalho aos partidos. Em Mato Grosso do Sul, preencher a cota de mulheres filiadas para concorrer às eleições deste ano é o principal desafio. Para atender a regra, os partidos têm recorrido a nomes de peso para conseguir trazer mais mulheres às siglas.
Uma exigência está diretamente ligada a outra. Isso porque, com o fim das coligações, cada partido deverá, individualmente, indicar o mínimo de 30% de mulheres filiadas para concorrer no pleito no ato do pedido de registro de candidaturas à Justiça Eleitoral – que deve ocorrer até 15 de agosto.
O Estado tem fortes representantes mulheres na política nacional, porém poucas. Em Brasília, são apenas três. A senadora Simone Tebet (MDB) e as deputadas federais Rose Modesto (PSDB) e Bia Cavassa (PSDB) – que herdou a vaga após Tereza Cristina (DEM) e Geraldo Resende (PSDB) se licenciarem para ocuparem cargos de ministra da Agricultura e secretário de Estado de Saúde, respectivamente.
Já a Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (Alems), que no ano passado teve renovação parcial dos membros, deixou de fora as representantes femininas. Em 40 anos, a Casa teve apenas oito deputadas estaduais eleitas, mesmo com as mulheres compondo a maior parcela do eleitorado – conforme estatísticas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Em 2018, elas mantiveram nas urnas a tendência de confiarem o voto em candidatos do gênero masculino.
CÂMARA
Na Câmara Municipal de Campo Grande a expectativa é grande em relação à próxima eleição, já que, atualmente, apenas duas mulheres ocupam o espaço, que tem 29 vereadores.
Nomes como os das mulheres que atuam em Brasília, já citados, são considerados os principais responsáveis por levarem outras à filiação partidária. No caso da vereadora Dharleng Campos (PP), que está de malas prontas para o MDB aproveitando a janela partidária, a principal inspiração para mudar de “casa” foi Simone, de quem fala sem poupar elogios, inclusive o de “rainha em destaque nacional”.
“Agora vou ter a honra de estar perto dela [Simone]. Essa mulher era um exemplo para mim quando eu pensava em ser vereadora. Para mim ela é referência de mulher que tem sabedoria, conhecimento. Ela convida outras mulheres para o setor da política, ela me influenciou, ela é um exemplo e hoje é [uma] senadora que tem feito bonito. O que ela tem feito é a favor das mulheres e também da população brasileira”, disse a vereadora.
Dharleng constantemente “toca na ferida” e fala sobre a presença e representatividade das mulheres na política. “Um dos fatores de eu ir para o MDB é o comprometimento de trazer mulheres para a política. O número hoje é vergonhoso. Nós temos de tirar a maioria gritante que está nas mãos dos homens”.
Outra representante feminina na Casa, Cida Amaral (Pros) reconhece a importância da representatividade das mulheres daqui no cenário nacional, mas incluiu ela e Dharleng como exemplos. “Nós temos muitas mulheres na política que ficam de fato, e não de direito. Todas somos. Mas têm aquelas que se sobressaem. Rose Modesto, Simone Tebet, Dharleng e eu, enfermeira Cida. Nós temos de ocupar nossos espaços de poder e ocupar na realidade. Nós temos uma constituição, mas a realidade é outra. A prova disso é que não temos uma mulher no legislativo Estadual. Quando falamos de referência política precisamos de uma construção maior. Nós precisamos de mais mulheres no poder político de fato e de verdade”.
A subsecretária de Políticas para Mulher de Campo Grande, Carla Stephanini (PSD), que exerceu um mandato como vereadora e não foi reeleita, também é ferrenha crítica da pouca representantividade feminina, apesar de reconhecer avanços na Administração municipal. “O PSD tem demonstrado compromisso e dá oportunidade para as mulheres dentro do primeiro escalão, o que é muito expressivo. Porém, é necessária a participação política das mulheres. Precisamos de engajamento no processo eleitoral, dentro dos partidos e nas campanhas como candidatas e apoiadoras também”.
Ela foi citada pelo presidente estadual do PSD, o senador Nelson Trad Filho, como uma das presenças femininas que são chamarizes no partido para filiação de outras mulheres. “Temos foco especial na questão das mulheres [no partido]. A Carla ter vindo ajudou muito”, afirmou Trad Filho.
No DEM, o deputado estadual José Carlos Barbosa, o Barbosinha, confirma Tereza Cristina como figura mais forte, especialmente em razão da importância do cargo ocupado por ela no governo Jair Bolsonaro. “Ela tem mandato de deputada federal e por isso podemos dizer que representa bem o partido, é extremamente competente. Com a figura da Tereza muitas mulheres vão migrar para o DEM e pode ser, sim, que a vice para o projeto de Dourados seja mulher”, disse ele, que é pré-candidato à prefeitura do segundo maior colégio eleitoral do Estado.
Incentivo
O estímulo à participação feminina por meio da chamada cota de gênero está previsto na Lei das Eleições. Cada partido ou coligação preencherá o mínimo de 30% e o máximo de 70% para candidaturas de cada gênero nas eleições para Câmara dos Deputados, assembleias legislativas e câmaras municipais.
Fonte - Correio do Estado
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