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09/02/2020 às 15:00, Atualizado em 09/02/2020 às 10:54

'Se não formos para a rua lutar e resistir, estaremos perdidos', diz Lula

Lula discursou ao lado do ex-presidente do Uruguai, José Mujica.

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Foto - reprodução internet

Em evento no Rio de Janeiro em homenagem aos 40 anos do PT, na noite deste sábado (8), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que a militância petista deveria ir para as ruas protestar contra o governo Bolsonaro. Convocação similar foi feita mais cedo pelo ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad.

"Não temos muita alternativa. Estão destruindo tudo o que montamos, além da subserviência ao governo americano. Se não formos para a rua lutar e resistir, estaremos perdidos", afirmou o petista na Fundição Progresso, no centro do Rio, durante celebração das quatro décadas do partido.

"A última eleição nos ensinou que ou assumimos a responsabilidade de fazer política e de discutir política ou seremos levados a rodão como na última eleição. Acusam todos de corrupção e enfiam na nossa cara esse governo que enfiaram agora. Esse é um desafio para nós. Como organizamos os movimentos sindicais de novo?", afirmou.

Lula discursou ao lado do ex-presidente do Uruguai, José Mujica. "É possível a gente construir um novo Brasil e recuperar o povo da solidariedade que sempre deveria existir na humanidade", disse Lula.

"Eu tenho 74 anos. Quando eu digo que tenho tesão de 20 anos é para fazer inveja, para vocês saberem que é preciso ter muita motivação. Muita energia e tesão por participar desse debate", continuou o ex-presidente.

Na ocasião, reclamou dos que pedem que o PT fala autocrítica do período em que ocupou a Presidência da República. "A moda é pedir para o PT fazer autocrítica. 'Vocês não fazem autocrítica?'. A pessoa que me pede autocrítica é porque não tem crítica a fazer para mim. Eu nunca vi pedirem autocrítica para a direita, que governou esse país por 500 anos, pelos 12 milhões de desempregados, pela matança da nossa juventude na periferia, pela violência contra a mulher".

Mujica destacou que fez questão de comparecer ao evento."Queria vir a essa festa por várias razões. Pelo meu companheiro, e também como minha homenagem a muitos lutadores do PT e que nestes anos eu conheci", disse.

A festa dos 40 anos do PT lotou o auditório do local, com capacidade para 5.000 pessoas. Também estiveram presentes os presidentes do PDT, Carlos Lupi, e do PSB, Carlos Siqueira. Manuela D'Ávila representou o PC do B, e Marcelo Freixo foi em nome do PSOL.

Ainda compareceram Haddad e a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, além de Celso Amorim e José Dirceu.

Antes do discurso, pela manhã, Lula encorajou seus apoiadores a ampliar os canais de comunicação com a sociedade para além da esquerda.

Reunido com intelectuais e representantes do mundo acadêmico, Lula defendeu que os opositores do governo Bolsonaro dialoguem com a sociedade como um todo, para além da esquerda.

Segundo a Folha de S.Paulo apurou, o ex-presidente relembrou a cerca de 100 apoiadores a experiência dos conselhos constituídos em seu governo com a participação de diferentes setores sociais.

Na ocasião, Lula disse que estava aberto a receber críticas. Ouviu queixas sobre a dificuldade de comunicação do PT e de setores de esquerda.

Ainda segundo presentes, Lula defendeu que militantes e entidades sindicais dialoguem com trabalhadores que exercem sua função sem proteção social, como motoristas e motociclistas a serviço de empresas de aplicativo.

À tarde, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, admitiu a possibilidade de o PT se aliar a partidos fora do campo de esquerda, como PSDB e DEM, nas próximas eleições municipais, apesar de decisão contrária da cúpula petista.

Ela reconheceu: "Às vezes pode acontecer. Aí nós vamos ter que decidir sobre isso caso a caso, como já decidimos nas outras vezes. Já desmanchamos aliança, já intervimos em eleição, já fizemos ações nesse sentido. O Brasil tem 5.000 e poucos municípios".

Na noite anterior, a assessoria do PT confirmou orientação da executiva partidária admitindo a possibilidade de alianças em 2020 com adversários como PSDB e DEM. Horas depois, por meio de nota, o PT negou a informação e contradisse sua assessoria.

Também na tarde de sábado (8), durante as homenagens, o ex-prefeito de SP e candidato derrotado nas eleições presidenciais Fernando Haddad atacou Jair Bolsonaro e convocou os petistas para ir às ruas defender o legado do partido.

"É hora de ir para a rua defender esse partido, defender esse legado e botar esses fascistas para correr", disse Haddad, no evento do PT.

"Se a gente ficar com medo de fake news, medo de rede social, medo de fascista, eles vão avançar. Se a gente mostrar a garra que a gente teve, eles vão recuar. E o país volta a ser governado por gente decente", afirmou Haddad.

Em quase 13 minutos no palco, Haddad atacou Bolsonaro e o ministro da Economia, Paulo Guedes, relembrando declarações polêmicas da dupla.

"Estão barbarizando a sociedade. Estamos nos tornando bárbaros sem perceber o que esses caras estão fazendo. Um presidente da República falar que o soropositivo custa para o país? Quem custa é ele! O maior custo que esse país tem é o Bolsonaro!", discursou o ex-prefeito.

Fernando Haddad fez referência a uma afirmação do presidente na quarta (5), quando disse que uma pessoa com HIV --vírus da Aids-- representa "uma despesa para todos no Brasil".

"Todo dia tem alguém sendo ofendido. Uma hora é a mulher do presidente da França, que é mais velha que ele. Ele é democrático na ofensa, ofende todo mundo. Menos os seus correligionários covardes", disse Haddad, lembrando também de entrevero de Bolsonaro com a primeira-dama da França, Brigitte Macron, ofendida pelo presidente do Brasil em agosto do ano passado.

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