Em discurso inflamado na abertura do 6º Congresso Nacional do PT, na noite desta quinta-feira (1º), em Brasília, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixou de lado a defesa das "Diretas Já", uma das principais bandeiras do partido, e cobrou dos correligionários que adotem estratégia para eleger maioria no Congresso nas eleições previstas para o ano que vem, para que não seja preciso "fazer aliança com outros partidos".
Virtual candidato à Presidência da República pelo PT, disse que estava ali para preparar o partido "para voltar a governar esse país". Durante o discurso, o ex-presidente pregou aos correligionários que pensassem em como transformar teoria em prática. "Estamos aqui para mostrar que se a elite não sabe resolver o problema do país, nós provamos que sabemos, já fizemos e vamos fazer outra vez", declarou.
Lula pediu ainda que eles focassem mais nas "brigas externas" que nas internas. "Lá fora estão os inimigos de classe que querem nos destruir e nós temos que estar preparados para derrotá-los".
Pragmatismo
Em tom professoral, Lula falou sobre política com os correligionários. "É importante a gente ter clareza. Toda vez que a gente faz um discurso, tem que chegar em casa e colocar na balança e saber se ele é exequível", explicou.
"É preciso que a gente consiga transformar o nosso discurso numa estratégia para que a gente possa eleger o presidente da República, e a maioria na Câmara e no Senado, porque senão a gente vai ter que fazer aliança com outros partidos", declarou.
Em seguida, veio o alerta: "e a gente não faz aliança com quem perde, com quem é suplente. A gente faz aliança com quem ganha, com quem está lá".
Segundo o petista, "2018 está longe para quem não tem esperança". "Para nós, 2018 está logo ali, já começou. É por isso que eles estão com medo e nós não estamos com medo. Se a esquerda for para disputa com um programa factível, eu tenho certeza que a gente vai voltar a governar esse país".
Réu em cinco processos, sendo três na Operação Lava Jato, Lula aproveitou o discurso para, mais uma vez, defender sua inocência aos militantes. "Eu não quero que vocês se preocupem com o meu problema pessoal. Eu já provei a minha inocência. Eu agora vou exigir que eles provem a minha culpa. Cada mentira contada será desmontada", afirmou.
O ex-presidente ainda ironizou a denúncia do empresário Joesley Batista, um dos donos do grupo J&F, que fechou acordo de delação premiada com a PGR (Procuradoria-Geral da República), de que ele e a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) eram beneficiários de contas no exterior, por mediação do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega.
"O canalha de um empresário diz que tem contas para nós no exterior, no nome dele, movimentada por ele", afirmou, arrancando risos da plateia.
Dilma pede Diretas Já
Antes de Lula, foi a vez de a ex-presidente Dilma Rousseff discursar. Diferentemente do aliado, ela defendeu claramente a saída imediata do presidente Michel Temer (PMDB), seu vice, e a realizações de eleições diretas antecipadas –"é a única alternativa possível".
"Nós precisamos da legitimidade que só o voto dá ao governante. É diretas já por uma questão de sobrevivência do país", afirmou. "E meu candidato é Lula para presidente", avisou. (Com informações do site UOL).
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