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25/05/2021 às 08:30, Atualizado em 24/05/2021 às 23:51

Comandante do Exército decide abrir procedimento contra Pazuello por presença em ato com Bolsonaro

Após ser notificado, Pazuello vai se manifestar por escrito e, em seguida, será ouvido pessoalmente pelo comandante do Exército.

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Foto  Reprodução O Globo

O comandante do Exército, general Paulo Sérgio Oliveira, decidiu abrir um procedimento administrativo contra o ex-ministro da Saúde, general da ativa Eduardo Pazuello, por participar de ato político ao lado do presidente Jair Bolsonaro neste domingo, no Rio. A expectativa é que Pazuello seja notificado ainda nesta segunda-feira e, em seguida, o Exército deverá divulgar uma nota de esclarecimento.

Mais cedo, o comandante da Força se reuniu com o ministro da Defesa, Walter Braga Netto, para discutir a situação de Pazuello. Na semana passada, o próprio Braga Netto, que é general da reserva, participou de manifestação pró-Bolsonaro em Brasília, o que também gerou críticas.

Após ser notificado, Pazuello vai se manifestar por escrito e, em seguida, será ouvido pessoalmente pelo comandante do Exército. O ex-ministro poderia ser ouvido por outro superior, mas pela repercussão do fato general Paulo Sérgio assumiu a responsabilidade. Caberá a ele decidir se Pazuello será ou não punido.

No Estatuto dos Militares e no Regulamento Disciplinar do Exército, há vedações expressas sobre militares participarem de manifestações políticas coletivas. O artigo 45 do Estatuto fala, por exemplo, que são "proibidas quaisquer manifestações coletivas, tanto sobre atos de superiores quanto as de caráter reivindicatório ou político".

Na Força, o desejo é que o desfecho sobre o caso Pazuello seja anunciado no mais tardar até o final desta semana. O entendimento é que uma solução rápida é de interesse do ex-ministro, que poderá ser chamado novamente a prestar esclarecimentos na CPI da Covid no Senado. O prazo, no entanto, pode ser estendido a pedido do próprio ex-ministro. Ele poderá apresentar justificativa sozinho ou com o auxílio de uma advogado.

Segundo fontes militares, Pazuello, se comprovado a transgressão à disciplina, Pazuello poderá ser punido com advertência (a forma mais branda da punição), repreensão (mais enérgico, feita por escrito e publicado em boletim interno), detenção ou prisão disciplinar. A situação de Pazuello é considerada gravíssima qualquer que seja a sanção, uma vez que não é comum punições aplicadas à oficiais-generais.

A participação de Pazuello na manifestação bolsonarista fez aumentar a pressão para que o ex-ministro passe à reserva remunerada. A intenção de que o general pedisse aposentadoria já era presente entre o comando do Exército quando ele estava no cargo de ministro, mas agora se intensificou com a participação cada vez mais frequente de Pazuello em atos políticos ao lado de Bolsonaro, que tem levado o general a viagens pelo Brasil.

A ida de Pazuello ao ato deste domingo deixou integrantes da cúpula do Exército especialmente irritados. Pazuello é um dos alvos recentes da CPI da Covid no Senado, além de enfrentar outras frentes de investigação de órgãos como o Ministério Público Federal e o Tribunal de Contas, por conta da condução do combate à pandemia como ministro da Saúde. O temor dos militares é que a presença do general em atos políticos arranhe a imagem da instituição, com uma associação indevida entre o Exército e o governo.

Com informações do Extra

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