Um dos mais conceituados Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (Cras) do Brasil ganhará nova clínica. A obra arrojada de R$ 3,8 milhões e sem comparação em estruturas equivalentes no país, foi autorizada pelo o governador Reinaldo Azambuja e o secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro), Jaime Verruck, na manhã do último dia 15. Serão 1.153,33 metros quadrados de área construída, com prazo de 540 dias para conclusão.
“Luta antiga, a nova clínica vai dar uma importante estrutura para o trabalho de recuperação dos animais silvestres. Além de ampliar o espaço, (a obra) ainda dá melhores condições de trabalho para os servidores e possibilita parcerias. O local poderá funcionar como escola de residência para cursos de veterinária e biologia, entre outros, e formar mão de obra especializada”, destacou o governador Reinaldo Azambuja.
O secretário Jaime Verruck lembrou que o Cras é pioneiro no mundo em procedimentos avançados, como o implante de bico em uma arara Canindé realizado com sucesso no mês de março e que repercutiu nos meios científicos internacionais. Também foi feito pelo Cras, recentemente, uma prótese em impressora 3D para implantar em um mutum, pássaro de grande porte que foi vítima de atropelamento.
“O Cras já vem desempenhando um serviço de excelência no atendimento aos animais vítimas de atropelamento, de maus-tratos ou do tráfico. Agora, com as novas instalações, amplas e devidamente equipadas da clínica, será possível ampliar esses serviços e alcançar um índice ainda maior de reabilitação”, frisou Verruck. Atualmente, cerca de 80% dos animais atendidos pelo Cras conseguem ser reabilitados.
A nova clínica inclui espaços administrativos, salas de cirurgia, novos ambientes para quarentena e laboratórios para exames. Muitos procedimentos mais complexos que atualmente são feitos em clínicas de universidades, passarão a ser realizados no Cras quando a obra estiver concluída, como exames de Raio-X e ultrassonografia em animais de grande porte ou cirurgias mais complexas.
“Cria um ambiente substancial de bem estar animal. Isso resume o objetivo do Cras, pois facilita a reabilitação dos animais e promove a educação ambiental ao mostrar para a sociedade o que acontece quando não se tem os cuidados devidos com nossa fauna e como é possível reverter essa situação. O Cras é referência do país nesse aspecto”, completa Verruck.
Durante o ano passado foram realizados 555 procedimentos cirúrgicos no Cras, mesmo sem as instalações adequadas, média de 11 cirurgias por semana, relata o responsável técnico pelo órgão, médico veterinário Lucas Cazati. Nesse período, o Cras recebeu 1.780 animais com ferimentos, vítimas do tráfico ou que estavam sendo criados em cativeiro, contrariando a lei.
Recuperando a fauna
A maioria dos animais chega ao Cras em situação bastante precária, afirma Cazati. Passam por uma bateria de exames, recebem o atendimento médico necessário e permanecem em quarentena, isolados para não provocar eventual infecção nos demais habitantes do local. Após a recuperação, são devolvidos à natureza ou, caso não estejam mais em condições de sobreviver em seus habitats, a equipe procura um novo ambiente em que possam viver.Do total de animais que deram entrada no Cras no ano passado, 855 foram levados de forma voluntária por populares; outros 751 foram resgatados pela Polícia Militar Ambiental, 65 por fiscais do Ibama, 85 encaminhados por universidades e 24, pelas equipes da CCR Vias que mantém convênio com o Centro para atender as vítimas de atropelamentos na BR-163.
O Cras foi criado em julho de 1987 para recepcionar, triar e destinar os animais silvestres apreendidos em operações de combate ao tráfico, atropelados nas rodovias estaduais, ou ainda entregues voluntariamente pela população. Foi um dos primeiros Centros de Triagem de Animais Silvestres criados no Brasil e é, atualmente, o mais importante da categoria.
O centro já recepcionou mais de 300 espécies entre aves, répteis e mamíferos, perfazendo perto de 41.000 animais, conforme balanço até o ano passado. Deste total 68% são aves, 20% mamíferos e 12% répteis. O percentual de animais ameaçados de extinção atendidos no local é de 4% em relação ao total de entradas.
A maioria dos animais, antes de saírem do Centro, são marcados de acordo com suas características físicas (anilhas, tatuagem, picote na orelha, brincos e furos na carapaça), para que seja possível o seu monitoramento. As informações referentes aos animais utilizados para repovoamentos são extremamente importantes, tendo em vista, os escassos dados sobre o assunto. O Centro, por sua vez, realiza periodicamente, vistorias nos locais para onde os animais foram encaminhados, visando coletar informações e acompanhar a adaptação dos animais soltos.
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