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09/11/2018 às 13:00, Atualizado em 09/11/2018 às 10:42

PF prende Joesley Batista e vice-governador de MG

Foi nesta sexta-feira.

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Foto - Renato Costa

A Polícia Federal prendeu, nesta sexta-feira (9), o empresário Joesley Batista, um dos donos da JBS, e o vice-governador de Minas Gerais, Antônio Andrade (MDB), por crime de lavagem de dinheiro em uma ação que é desdobramento da Operação Lava Jato.

De acordo com a PF, a operação busca desarticular uma organização criminosa que atuava na Câmara dos Deputados e no Ministério da Agricultura. Andrade foi ministro da Agricultura do governo Dilma Rousseff (PT) entre 2013 e 2014.

Ao UOL, um dos advogados de Joesley, Pierpaolo Bottini, disse que ainda não poderia comentar a situação, pois não teve acesso a decisão até o momento. Também membro da defesa do empresário, o advogado André Callegari disse, em nota, que "Joesley é colaborador da Justiça e tem cumprido à risca essa função". "Portanto, causa estranheza o pedido de sua prisão no bojo de um inquérito em que ele já prestou mais de um depoimento na qualidade de colaborador e entregou inúmeros documentos de corroboração. A prisão é temporária e ele vai prestar todos os esclarecimentos necessários".

A ação, batizada de Capitu, é realizada nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Paraíba e Mato Grosso, além do Distrito Federal. Joesley foi preso em São Paulo e Andrade, no interior mineiro, na cidade de Vazante, berço político do vice-governador.

Estão sendo cumpridos, no total, 19 mandados de prisão temporária, com duração de até cinco dias. Eles foram expedidos pelo TRF-1 (Tribunal Regional Federal da 1ª Região), que também ordenou o cumprimento de outros 63 mandados de busca e apreensão nos cinco estados e no Distrito Federal.

Além de Joesley e Andrade, também foram presos Ricardo Saud, ex-diretor do grupo J&F, controlador da JBS, e Demilton Castro, que atuou por quase 40 anos na JBS. Castro chegou a delatar à PGR (Procuradoria Geral da República) pagamentos da empresa a agentes públicos entre 2007 e 2015.

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Foto - Flávio Tavares

A investigação da PF tem base nas declarações do doleiro Lúcio Bolonha Funaro. Ele relatou pagamentos de propina a servidores públicos e agentes políticos que atuavam direta ou indiretamente no ministério em 2014 e 2015. "A Polícia Federal apurou a atuação de uma organização criminosa na Câmara dos Deputados e no ministério, integrada por empresários e executivos de um grande grupo empresarial do ramo de processamento de proteína animal", diz a nota da instituição.

Segundo a PF, a JBS teria, por exemplo, pago R$ 7 milhões por ações em troca de atos do ministério que beneficiassem a empresa.

Durante as apurações, os investigadores apontam que identificaram "clara comprovação de que empresários e funcionários do grupo investigado --inicialmente atuando em colaboração premiada com a PF-- teriam praticado atos de obstrução de justiça".

De acordo com a instituição, isso "prejudicou a instrução criminal, com o objetivo de desviar a PF da linha de apuração adequada ao correto esclarecimento dos fatos". "Daí o nome da operação, 'Capitu', a personagem dissimulada da obra prima de Machado de Assis, Dom Casmurro", diz a nota da PF.

Segundo a PF, os alvos da operação desta sexta serão indiciados pelos crimes de constituição e participação em organização criminosa, obstrução de justiça, corrupção ativa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro, entre outros. As penas, segundo a instituição, podem variar entre três e 120 anos de reclusão.

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