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28/01/2018 às 07:00, Atualizado em 27/01/2018 às 15:21

Falta de informações sobre irmãos desaparecidos aumenta dor da família

Rapazes sumiram depois de abordagem feita por policiais do DOF.

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Foto: Reprodução

Prestes a completar seis meses, o desaparecimento de dois irmãos na fronteira com o Paraguai ainda é sinônimo de dor e mistério. Rodney Campos dos Santos, de 27 anos, e Edney Bruno Ortiz Amorim, 20, foram vistos pela última vez no dia 12 de agosto do ano passado, durante abordagem feita por policiais do Departamento de Operações de Fronteira (DOF), em Ponta Porã. Desde então, a família enfrenta verdadeiro calvário na busca por respostas e, apesar da esperança demonstrada nos primeiros dias, já não nega o fato de que os jovens possam estar mortos.

O pai, Claudinei Amorim dos Santos, 48 anos, acredita que os filhos foram executados friamente, embora laudos periciais e investigações ainda não sustentem tal hipótese. “Fizeram algo muito bem feito, porque até hoje nenhum corpo foi encontrado. Se eles estivessem vivos, certamente já teriam dado notícias”, lamentou Claudinei. Para ele, mais difícil do que encarar a dor da perda dos filhos é não ter informações sobre o que houve. “Ninguém sabe de nada. O coronel do DOF [Cléber Haddad Lane] nos disse que a investigação interna foi inconclusiva”, disse. A Ordem dos Advogados do Brasil em Mato Grosso do Sul (OAB/MS) acompanha o caso.

Responsável pelo inquérito na Polícia Civil, o delegado Márcio Shiro Obara, da Delegacia Especializada de Repressão a Homicídios (DEH), também afirma estar às escuras em certos aspectos do caso. Desde que o sumiço de Rodney e Edney veio à tona, as equipes realizaram buscas na zona rural de Ponta Porã, inclusive na região do Assentamento Itamaraty, onde os corpos supostamente teriam sido descartados. Entretando, nenhuma das ações trouxe respostas concretas, nem mesmo os laudos no carro dos jovens, encontrado abandonado dias depois. “Ainda não há novidades”, afirmou Obara.

O delegado, no entando, não descarta a suspeita da família, de que os irmãos foram executados por policiais, mas também considera outra possibilidade. “Embora os pais neguem, recebemos informações de que depois da abordagem eles foram vistos com vida no Paraguai, e lá foram executados pelo crime organizado”. Tal hipótese, apesar de parecer conveniente para os policiais envolvidos, não coincide com práticas habituais dos pistoleiros na fronteira, conforme relatado por Claudemir. “Até mesmo o crime organizado, quando mata por aqui, faz questão de mostrar os corpos, para servir de exemplo”, alegou o pai.

SUMIÇO

Rodney e Edney foram flagrados por câmeras de segurança de um posto de combustíveis sendo abordados pelo DOF. Em outro registro de vídeo é possível ver o carro deles, um Golf preto, transitando junto com uma viatura na direção do assentamento Itamaraty. Por este motivo, foi levantada suspeita de que pudessem ter sido mortos na região, principalmente depois que o carro deles foi encontrado. O veículo foi submetido a exames, mas de acordo com Obara, os resultados deram negativo quanto à presença de sangue nos bancos.

Além disso, o carro foi manipulado por familiares quando encontrado e já havia no interior amostras de DNA dos jovens, obviamente, porque eles usavam com frequência o automóvel. Durante o inquérito, foram analisados mais de 18 gigas de imagens de câmeras de segurança de estabelcimentos da região, a fim de identificar se os irmãos foram levados para outro local depois da abordagem. Rodnei trabalhava com o tio em uma oficina de carros em Pedro Juan Caballero, tinha passagens por lesão corporal, direção perigosa e perturbação de sossego, delitos considerados de menor potencial ofensivo e cumpria pena em liberdade condicional. Já Edinei é estudante.

Conteúdo - Correio do Estado

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