Quatro igrejas católicas foram atacadas com bombas caseiras nesta sexta (12) em Santiago, a três dias da chegada do papa Francisco ao país. Um quinto artefato foi encontrado antes de detonar.
O primeiro dos ataques com artefato incendiário ocorreu no distrito de Estação Central e atingiu a paróquia Santa Isabel da Hungria, onde foi encontrado um panfleto com uma mensagem contra o pontífice: "Papa Francisco, as próximas bombas serão na sua batina".
Ninguém ficou ferido nos ataques, que causaram danos pequenos. As demais igrejas afetadas se encontravam nos bairros de Recoleta, Peñalolén e Villa Portales.
O Vaticano não se pronunciou. A presidente Michelle Bachelet disse que "em uma democracia, as pessoas podem se expressar, desde que seja de maneira pacifista".
O papa chega ao Chile na segunda (15). Uma missa em Santiago deve reunir 500 mil pessoas. Segundo a Promotoria Metropolitana Sul, a cargo das investigações, os fatos estariam ligados e teriam sido coordenados pelo Movimento Juvenil Lautaro (MJL), diz o jornal "El Mercurio".
O movimento é acusado de fazer ataques semelhantes contra sedes políticas em novembro e dezembro, antes das eleições presidenciais.
O MJL é um grupo de esquerda nascido nos anos 1980 que estaria se rearticulando e operando principalmente na capital do Chile.
"Sem dúvida, são ações de caráter violento que estão destinadas a intimidar as pessoas e de alguma forma dão conta de uma forma inadequada de convivência de alguns grupos que, através dessas ações, querem manifestar seu rechaço a pessoas e credos religiosos", afirmou Raúl Guzmán, chefe da Promotoria Metropolitana Sul.
Quanto à ameaça feita ao papa, disse que é "uma ação preocupante". "O Chile vai receber a visita não só do papa, mas de um chefe de Estado, e esperamos que não ocorra nenhum desses fatos."
Os artefatos usados nos ataques são parecidos: são compostos por um extintor com pólvora, um sistema de relojoaria e um recipiente de líquido acelerante, de acordo com "El Mercurio". O estilo gráfico usado nos panfletos também é investigado.
O Chile é o país latino-americano em que o papa Francisco é mais mal avaliado, segundo o Latinobarómetro. Numa escala de 0 a 10, os chilenos dão 5,3 ao pontífice.
O número de católicos no país caiu de 74% em 1995 para 45% no ano passado, redução que se acentuou a partir de 2010, quando foram revelados casos de abuso sexual de um padre de Santiago.
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