Mirna Nasser, uma adolescente brasileira de 16 anos, foi enterrada junto com seu pai no Líbano após serem vítimas de um bombardeio israelense. A família, porém, não esteve presente no enterro. O hospital onde os corpos estavam alegou superlotação e necessidade urgente de liberar espaço para tratar os feridos, conforme relatou Ali Bu Khaled, tio de Mirna.
“Quem foi e enterrou os corpos foi o pessoal do hospital, porque não tem lugar para colocar os feridos. Eles tiram um para colocar outro. Por isso, levaram eles e enterraram. Mas, da minha família, ninguém esteve no enterro”, desabafou Ali, visivelmente abalado.
Mirna e o pai foram mortos em um ataque aéreo israelense que atingiu a casa da família no Líbano, região afetada pela escalada de tensões entre Israel e o Hezbollah. O conflito na região já havia causado a morte de outra vítima brasileira, Ali Kamal Abdallah, de 15 anos, que também morreu ao lado de seu pai, Kamal Hussein Abdallah, de 64 anos, que possuía nacionalidade paraguaia.
Apelo por ajuda e possível repatriação
Em meio ao luto, Ali Bu Khaled fez um apelo urgente ao governo brasileiro, pedindo uma operação de resgate para retirar os brasileiros ainda presentes no Líbano. “A pessoa que morreu, morreu. Fica a lembrança. Mas temos que salvar quem está vivo”, afirmou, preocupado com a segurança dos familiares e de outros brasileiros na região.
A situação dos brasileiros no Líbano foi tema de uma reunião entre o Ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, e o Chanceler libanês, Abdallah Bou Habib, realizada neste sábado em Nova York. O Itamaraty está monitorando a situação e avalia a possibilidade de uma operação de repatriação, embora ainda não haja previsão concreta de como ou quando ela será realizada, devido ao agravamento do conflito.
Crescentes dificuldades na retirada
O historiador e professor de relações internacionais da PUC do Paraná, Andrew Patrick Traumann, alertou que a morte do líder do Hezbollah pode desencadear uma invasão terrestre de Israel ao Líbano, o que dificultaria ainda mais a evacuação dos civis. “Na invasão israelense ao Líbano de 82, uma das primeiras medidas adotadas por Israel foi fechar o aeroporto de Beirute. Então, é possível que isso aconteça novamente, o que tornaria muito difícil, por exemplo, um avião da Força Aérea Brasileira pousar em Beirute e resgatar os brasileiros. Realmente teria que haver uma saída terrestre”, explicou Traumann.
Com informações do SBT News
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