Eliana estava com os olhos marejados quando chegou em Silvio Santos para renegociar seu primeiro contrato no SBT. A apresentadora havia sido informada de que o programa "Festolândia" fora cancelado três meses após estrear na emissora paulistana. A filha de um ex-zelador, no entanto, se manteve firme e, desde a conversa com o empresário, não somente garantiu sua vaga, como se tornou um dos grandes nomes das tardes de domingo. "Sou filha de uma família muito simples, mas sou batalhadora, tudo o que conquistei foi com muito trabalho", contou à Marie Claire.
Como uma das poucas mulheres à frente de um programa dominical, fato que ela mesmo questiona nesta entrevista, Eliana movimentou em torno de R$ 1 bilhão com a marca que leva seu nome. " Aos 14 anos eu já trabalhava e aos 16 já tinha comprado meu primeiro apartamento para ajudar minha família".
Sua história de sucesso nas várias emissoras pelas quais passou, contudo, não aconteceu sem antes enfrentar o machismo nos bastidores da TV. "Eu também sofro preconceito no meu trabalho, no meu dia a dia. Eu sou mulher", declarou. "Dentro do meu meio, por que só tem uma apresentadora aos domingos? Por que durante anos e anos só os homens tiveram programas dominicais? Isso é uma coisa a se pensar", afirmou.
A diferença salarial foi outro ato de machismo com o qual se deparou ao longo da carreira. "Trabalhei por muitos anos como apresentadora e tive colegas homens que com menos tempo de trabalho ganhavam mais do que eu. Isso numa relativa igualdade de sucesso. Preconceito existe, sim, com certeza".
Mas embora não se considere feminista, aos 42 anos decidiu lutar pela igualdade de gêneros com um projeto de empoderamento feminino lançado em seu programa no SBT. A iniciativa, batizada de #ElianaPorTodasElas, levou à TV entre os meses de junho e outubro duas especialistas para dar esclarecimentos ao público sobre violência contra mulher.
"Depois de ouvir muito sobre abuso sexual, fui ficando angustiada. Como uma mulher num programa aos domingos pensei ter uma certa obrigação de ser um veículo facilitador de informação e conscientização. Não poderia ficar calada. Não bastava falar dentro de casa, com as amigas. Essa indignação me fez ir à TV", contou.
Sua luta pelos direitos femininos tem origem em uma infância marcada pela presença de uma mãe esclarecida que ajudou a formar os valores que defende hoje. "Sempre fui interessada pela igualdade. Nasci vendo uma mulher forte, atuante, dividindo as funções com meu pai. Tenho o maior exemplo em casa, dona Eva. E vi isso em minha avó também. Minha luta é a favor das mulheres e não contra os homens".
E, agora, Eliana transfere esses mesmos valores ao filho Arthur Bôscoli, de 5 anos, do casamento com João Marcelo Bôscoli.
"Ele ainda é muito pequeno, mas a gente vai plantando a sementinha do bem. Digo para não empurrar uma menina, para ser gentil, coisas simples. Mas criança, no final das contas, aprende com nossos exemplos, não exatamente com o que a gente fala", afirmou. "Ele vê a maneira como os homens [da família] são generosos, educados e queridos", disse. "Acredito muito num ditado que diz: 'se a gente não for deixar um mundo melhor para nossos filhos, que a gente deixe filhos melhores para o mundo'", concluiu.
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