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28/11/2025 às 15:31, Atualizado em 28/11/2025 às 15:33

Onde a Vida Mora

Por Adriana Paioli

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Divulgação

Há quem pense que a vida começa quando tudo está no lugar, quando o coração se organiza, quando os sonhos param de doer e quando a estrada fica fácil. Mas a vida, a verdadeira, começa quando compreendemos que nenhuma calmaria existe sem uma tempestade antes.

Foi assim com Helena.

Ela sempre acreditou que seria feliz quando nada mais a ferisse. Achava que felicidade era ausência de dor. Passou anos esperando o dia perfeito, as pessoas perfeitas, o destino perfeito. Esqueceu de viver enquanto esperava que o mundo se ajeitasse ao seu redor.

Um dia, depois de mais uma decepção, decidiu ir caminhar. Era começo da manhã. O sol ainda acordava. O vento soprava leve, como quem sussurra um segredo. Helena caminhou sem rumo, apenas para respirar longe das paredes de casa.

Foi quando encontrou uma senhora sentada no banco da pracinha. Não a conhecia. Mas havia nela algo diferente: era a paz disfarçada de simplicidade. Um olhar que parecia enxergar a alma alheia.

A mulher sorriu e disse:

— Você anda carregando um peso que não é seu.

Helena estranhou. Sentiu vontade de chorar. Mas ficou calada.

A senhora continuou:

— A vida nunca vai parar de colocar pedras no caminho. Mas a gente precisa aprender a caminhar com elas, e não contra elas.

Helena sentou ao lado dela. Era como se sua história tivesse sido percebida sem uma palavra.

— Mas eu tenho medo — confessou. — Medo de recomeçar e errar de novo.

A mulher encarou o horizonte e disse:

— Recomeçar não é prova de fraqueza. É prova de coragem. É assim que Deus renova a fé da gente: permitindo que o coração se refaça.

E ficou ali, alguns segundos, como quem deixa o silêncio completar a frase.

Depois falou:

— A vida é isso. Cair, levantar, errar, acertar. Acreditar quando tudo parece impossível. E continuar.

Helena ficou pensando. Pela primeira vez, entendeu que talvez tivesse olhado para a vida pelo lado errado. Tinha esperado que ela fosse leve para então caminhar. Mas a leveza era o próprio caminhar.

Foi quando a senhora se levantou. Antes de ir embora, disse algo que Helena nunca mais esqueceu:

— A felicidade mora dentro de quem acredita, e não dentro do que dá certo. Caminhe. A fé conduz quem continua.

Helena respirou fundo. Pela primeira vez, sentiu o peso diminuir. Não porque a vida havia mudado, mas porque ela havia mudado dentro da vida.

Voltava para casa quando notou: nada estava resolvido. Os problemas ainda estavam lá. As incertezas continuavam. Mas seu coração estava diferente. Havia mais esperança do que medo.

E naquele dia ela descobriu que o segredo nunca foi viver sem dificuldades, e sim viver apesar delas.

Descobriu que a vida tem o hábito de se reorganizar quando a gente não desiste. Que Deus não abandona quem acredita. E que todo recomeço é um novo capítulo escrito por uma fé renovada.

E assim ela seguiu. Errando e acertando. Caindo e levantando. Mas acreditando sempre.

Porque a vida é feita de movimento.

E só perde quem para.

REFLEXÃO FINAL

A vida nunca vai ser um caminho sem pedras.

Mas a fé sempre será a ponte que nos ensina a atravessar.

E talvez o maior aprendizado seja esse:

Não espere a vida ficar perfeita para seguir em frente.

Siga em frente para que a vida encontre o seu lugar.

Recomeçar não é retroceder — é amadurecer.

E toda vez que o coração decide continuar, Deus caminha junto.

Porque quando a fé é maior que o medo,

a vida sempre se ajeita do lado certo.

Por - Adriana Paioli

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