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03/07/2025 às 12:37, Atualizado em 03/07/2025 às 12:40

Oito barragens em MS têm alto risco de rompimento e podem causar grandes tragédias

Relatório nacional inclui estruturas em Campo Grande, Dourados, Corumbá e Sidrolândia; fiscalização é falha e orçamento é limitado

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Lago do Parque Arnulpho Fioravante, aos fundos do shopping, em Dourados também é classificada com risco e dano potencial altos - Foto: Arquivo

O novo Relatório de Segurança de Barragens 2024-2025, divulgado nesta quarta-feira (2) pela ANA (Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico), identificou oito barragens em Mato Grosso do Sul com risco estrutural alto e alto dano potencial associado — o que significa que essas estruturas têm grande chance de acidente e alto poder destrutivo em caso de rompimento.

Entre os locais em situação crítica está a barragem do Lago do Amor, em Campo Grande, que já registrou dois desabamentos parciais nos últimos dois anos. A estrutura, que pertence à UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), sofreu o rompimento mais recente em março, após forte chuva que abriu uma cratera e destruiu parte da Avenida Filinto Müller. O caso está sendo investigado pelo MPF (Ministério Público Federal).

Além do Lago do Amor, a Capital também tem em risco a barragem da Incorporadora Atlântico S/S Ltda., no Ribeirão das Botas. Em Corumbá, a Barragem Sul da Vetria Mineração S.A. preocupa por conter rejeitos de mineração no Córrego Urucum.

Sidrolândia concentra o maior número de estruturas com risco elevado: três barragens ligadas ao Incra (Barragem 1 – Grande, Barragem 2 e Barragem 3). Já Dourados tem em alerta a barragem do Parque Arnulpho Fioravante, também classificada com risco e dano potencial altos.

Essas estruturas foram avaliadas como críticas tanto pela CRI (Categoria de Risco), que mede a chance de acidentes, quanto pela DPA (Dano Potencial Associado), que considera os impactos em caso de rompimento. Mesmo barragens com baixa probabilidade de falha podem entrar na lista caso estejam próximas de áreas urbanas ou infraestruturas sensíveis.

Apesar do cenário preocupante, Mato Grosso do Sul não aparece na lista nacional de barragens prioritárias — aquelas que representam ameaça direta à população e cujos responsáveis não atenderam aos critérios da Política Nacional de Segurança de Barragens (PNSB). O relatório nacional destaca 241 estruturas nessa condição.

Falta de estrutura e orçamento

O Estado tem hoje 2.690 barragens cadastradas no Sistema Nacional de Segurança de Barragens. Municípios como Ribas do Rio Pardo (219 barragens), Água Clara (174), Três Lagoas (141), Brasilândia (135) e Naviraí (123) concentram a maioria das estruturas, utilizadas principalmente para irrigação, abastecimento de água e atividades industriais.

Embora a maior parte não esteja classificada com risco, isso pode indicar falta de informações completas ou ausência de fiscalização suficiente, conforme alerta a ANA. Em 2024, o número de inspeções caiu 7% em relação ao ano anterior, reflexo da escassez de profissionais especializados e falta de orçamento específico para a área.

Em todo o país, 24 acidentes e 45 incidentes com barragens foram registrados apenas em 2024, com duas mortes confirmadas. O Rio Grande do Sul, que enfrentou enchentes históricas, concentrou a maioria dos casos.

A Política Nacional de Segurança de Barragens, criada pela Lei nº 12.334/2010, estabelece diretrizes para proteger vidas, meio ambiente e patrimônio público. O relatório da ANA serve de base para ações dos órgãos fiscalizadores e dos empreendedores responsáveis pelas barragens.

Com informações do Dourados Agora

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