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28/06/2025 às 07:34, Atualizado em 27/06/2025 às 21:51

Número de filhos por mulher no Brasil atinge o menor nível da história, revela Censo

Dados do Censo 2022 mostram queda da fecundidade em todas as regiões e perfis; mulheres adiam maternidade e aumento das sem filhos chama atenção

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Divulgação

As mulheres brasileiras estão tendo cada vez menos filhos e, muitas vezes, optando por não tê-los. É o que revelam os dados do Censo Demográfico 2022, divulgados nesta quinta-feira (27) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A pesquisa mostra que, pela primeira vez, a Taxa de Fecundidade Total (TFT) do país — que mede o número médio de filhos por mulher ao fim da vida reprodutiva — caiu para 1,55. Em 1960, essa média era de 6,28 filhos por mulher.

A mudança no comportamento reprodutivo é evidente. Em 2022, a maior parte da fecundidade no Brasil concentrou-se no grupo etário de 25 a 29 anos, um deslocamento em relação a 2010, quando o pico era entre os 20 e 24 anos. A tendência de postergação da maternidade se confirma também pelo aumento da idade média em que as mulheres têm filhos: passou de 26,3 anos em 2000 para 28,1 anos em 2022. No Distrito Federal, a média chega a 29,3 anos, enquanto o Pará registrou a mais baixa, com 26,8.

Entre os dados que mais chamam atenção está o crescimento no número de mulheres que encerram a fase reprodutiva sem filhos. Na faixa dos 50 a 59 anos, esse percentual passou de 10% em 2000 para 16,1% em 2022. No Rio de Janeiro, mais de uma em cada cinco mulheres dessa faixa etária nunca teve um filho (21%). No Tocantins, o índice foi o menor do país, com 11,8%.

Embora os dados do Mato Grosso do Sul ainda não tenham sido destacados nos detalhamentos nacionais, o Estado segue a tendência observada em todas as unidades da federação: queda na fecundidade, elevação da idade média para ter filhos e aumento de mulheres que não passaram pela maternidade. O recuo da fecundidade foi registrado em todos os grupos analisados, por cor ou raça, escolaridade e religião.

Apenas as mulheres indígenas apresentaram uma taxa de fecundidade acima do chamado nível de reposição populacional (2,1 filhos por mulher), com média de 2,84. As demais registraram índices abaixo: mulheres amarelas (1,22), brancas (1,35), pretas (1,59) e pardas (1,68). As brancas também são as que mais postergam a maternidade, com idade média de 29 anos, enquanto pardas e pretas têm filhos, em média, aos 27,6 e 27,8 anos, respectivamente.

A escolaridade tem impacto direto no número de filhos. Mulheres com ensino superior completo apresentaram a menor taxa de fecundidade (1,19), além de uma idade média de maternidade mais alta: 30,7 anos. Já as que não têm instrução ou não concluíram o ensino fundamental registraram 2,01 filhos por mulher e se tornaram mães, em média, aos 26,7 anos.

A religião também aparece como fator de diferença. Mulheres evangélicas foram as únicas com fecundidade acima da média nacional (1,74). As menores taxas foram registradas entre espíritas (1,01) e praticantes da Umbanda e do Candomblé (1,25). As católicas, as sem religião e as de “outras religiosidades” oscilaram entre 1,39 e 1,49 filhos por mulher.

Outro indicador importante diz respeito ao número médio de filhos entre mulheres de 50 a 59 anos, que passaram por toda a vida reprodutiva. Em 2000, esse grupo tinha, em média, 4,2 filhos; em 2022, esse número caiu para 2,2. No recorte por estado, Amapá e Acre lideram com 3,2 filhos, enquanto o Rio de Janeiro tem o menor índice: 1,8.

A nova fotografia da fecundidade no Brasil reforça o que os especialistas já apontavam: mudanças culturais, maior acesso à educação, aumento da participação feminina no mercado de trabalho e planejamento familiar vêm transformando o perfil da maternidade no país.

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