Mato Grosso do Sul é o estado com maior volume de agrotóxicos apreendidos no Brasil nos últimos três anos.
De janeiro de 2018 a fevereiro de 2021 foram apreendidas 50,7 toneladas de agroquímicos ilegais no Estado, o que corresponde a 23% do total apreendido no País.
Dados são do estudo "O mercado Ilegal de Defensivos Agrícolas no Brasil", do Instituto de Desenvolvimento Econômico e Social de Fronteiras (Idesf), lançado na última semana, em Dourados.
De acordo com a pesquisa, o volume mais significativo de apreensões ocorre devido a Mato Grosso do Sul ser estado de fronteira, com perfil agropecuário e malha rodoviária importante no escoamento de produtos.
Na sequência, os estados com maiores retenções de agrotóxicos são Minas Gerais (40,5 toneladas), São Paulo (30,7 t), Paraná (27,2 t) e Mato Grosso (25,1 t).
Em 2018, foram apreendidas 11,9 toneladas de agrotóxicos ilegais no Estado, pela Polícia Rodoviária Federal (PRF).
No ano seguinte, o volume aumentou para 20,5 toneladas e, no ano passado, foram apreendidas 17,9 toneladas de pesticidas.
No primeiro bimestre deste ano, foram quase meia tonelada, com 407 quilos apreendidos, mas o número já é maior, considerando que as demais apreensões realizadas no ano não foram contabilizadas no estudo.
Com relação às apreensões do Departamento de Operações de Fronteira (DOF), foram 13,1 toneladas em 2017; 1,01 tonelada em 2018; 1,03 tonelada em 2019; 5,91 tonelada em 2020 e 7,39 tonelada nos dois primeiros meses deste ano.
Ou seja, no primeiro bimestre deste já superou em 19,1% as toneladas apreendidas em todo o ano passado.
Mercado ilegal
A maioria dos produtos são contrabandeados do Paraguai, que faz fronteira com Mato Grosso do Sul.
Ao entrar ilegalmente no Brasil, o contrabando de agroquímico ilegal circula escondido em cargas de grãos e de alimentos processados, especialmente pela rodovia BR-163.
Entre os defensivos mais contrabandeados está o Benzoato de Emamectina, em concentração acima da permitida por lei.
O inseticida tem uso é direcionado para o combate de lagartas, principalmente nas lavouras de soja.
Ainda segundo o estudo, com base nos dados de apreensões da PRF e do DOF, a cadeia de contrabandistas é formada por vários elos, que atuam desde a travessia do produto ilegal até a entrega ao produtor rural.
Quando ao perfil do criminoso, o atravessador é, em 97% dos casos, do sexo masculino, tem idade entre 27 e 46 anos (73%) e são moradores do Estado (52%).
O perfil foi traçado com base em 41 ocorrências de apreensões realizadas no Estado entre 2017 e 2021.
Luciano Barros, Presidente do Idesf, afirma que ao menos cinco crimes são identificados neste mercado ilegal: contrabando, falsificação, importação fraudulenta, desvio da finalidade de uso e roubo.
Registros das forças de segurança apontam que os criminosos, muitas vezes, já têm histórico de contrabando, com registro na justiça.
Conforme o Idesf, a entrada ilegal e o uso das substâncias acarretam perdas em arrecadação e em geração de empregos formais, além de gerar problemas de segurança alimentar e de saúde pública e causar prejuízos ambientais.
Com informações do Correio do Estado
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