O movimento Legendários, que ganhou fama nas redes sociais por unir pregações religiosas e desafios físicos a grupos exclusivamente masculinos, vem sendo motivo de discussões e proibições por conta dos impactos que a "subida da montanha" causa ao meio ambiente.
O g1 apurou que em Mato Grosso do Sul, o Instituto Chico Mendes para a Conservação da Biodiversidade (ICMBio) proibiu a entrada do grupo na Serra da Bodoquena - que é uma unidade de conservação protegida por leis específicas. A motivação decorre da grande concentração dos homens na área considerada sensível.
A região abriga o Parque Nacional da Serra da Bodoquena (PNSBd), uma unidade de conservação federal criada em 2000 para proteger a biodiversidade local. A área, de 77 mil hectares, é de responsabilidade do ICMBio e abrange os municípios de Bonito, Bodoquena e Jardim.
O chefe da unidade de conservação, Sandro Roberto da Silva Pereira, relatou ao g1 que, em 2024, o parque proibiu atividades dos Legendários depois de três incursões do grupo que resultaram em impactos ambientais registrados na área, além do descumprimento das normas do local, como não aglomerar grandes quantidades de pessoas nas trilhas da unidade de conservação.
“Explicamos que o parque tem um limite diário e que as visitações são feitas com grupo de, no máximo, 10 pessoas, e acompanhadas sempre por um condutor credenciado, para atender cada grupo. Liberamos desde que atendessem as regras. Mas, eles insistiram em realizar essas dinâmicas de estar todo mundo junto, dentro da trilha. Não deu certo, virou aquela confusão. Depois disso não permitimos mais”, conta o chefe do PNSBd.
A mesma decisão foi tomada pelos proprietários da Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Cara da Onça, que é uma unidade de conservação estadual localizada na zona de amortecimento do Parque Nacional da Serra da Bodoquena.
O sócio-proprietário da área, Gerson Canhete Jara, contou que no início do ano passado, um grupo dos Legendários com cerca de 300 pessoas entrou, sem autorização, na unidade de conservação, deixando a área impactada.
“Não teve nenhum comunicado prévio aos proprietários. Eles queriam passar lá com quadriciclos, mesmo a gente explicando que ali não pode circular veículos por conta de ser área ambiental protegida. Mas eles já tinham passado com motos lá”, relembra Gerson.
O g1 procurou o movimento Legendários, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.
Também procuramos a Gerência de Unidade de Conservação (GUC) do Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (IMASUL), responsável pelas unidades de conservação no estado, mas não obtivemos retorno até à última atualização desta reportagem.
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