Antecipação do 13º de beneficiários vai injetar R$ 231,7 milhões em MS

A antecipação da primeira parcela do 13º salário de aposentados, pensionistas e beneficiários de auxílios previdenciários do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) vai injetar R$ 231,759 milhões na economia de Mato Grosso do Sul.

Conforme o Instituto informou ao Correio do Estado, são 311.886 benefícios, “esse é o total de créditos que será depositado, podem ser pessoas, porém, alguns recebem pensão e aposentadoria”, informou o INSS.

Quando considerados os 400.287 benefícios creditados no mês de maio, incluindo os segurados que não têm direito à antecipação, serão R$ 746,142 milhões na economia do Estado. Para economistas ouvidos pela reportagem, os recursos são importantes, principalmente pelo momento de crise causada pela pandemia de Covid-19.

“A antecipação é muito importante, é fundamental neste momento. Temos a disponibilização de um capital importante que vai para duas coisas principalmente: pagamento de dívidas que podem estar em atraso ou antecipar dívidas que estejam com juros altos ou consumir mais, seja para construção, compra, se organizar para comprar um carro, etc.”, diz o doutor em Economia Michel Constantino.

O economista ainda explica que é um recurso que traz otimismo e faz a economia girar.

“A gente chama de efeito multiplicador, quando entra um dinheiro desse que não está previsto naquele mês tem um efeito multiplicador no crédito, débito e do consumo”, considera. De acordo com a economista do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento da Fecomércio (IPF-MS), Daniela Dias, os recursos trazem dinamismo para a economia.

“Tem algo que chama bastante atenção, o fato de termos 33% das pessoas tentando buscar equilíbrio financeiro. Pode ser que esse recurso não seja gasto imediatamente ou pode ser que dê um fôlego maior para a economia no sentido de consumo de alguns tipos de bens. Como o comportamento das pessoas está bem distinto, pode ser que tenhamos uma busca por equilíbrio financeiro ou esse fôlego no comércio”, explica a economista e completa.

“Quando vem esse tipo de recurso, por menor que ele pareça ser, ele mexe com as expectativas das pessoas, dá um pouco mais de otimismo. A gente pode ter uma reação como na intenção de consumo, nas expectativas nos próximos meses”.

Os especialistas ainda destacam que a antecipação dos recursos não deve trazer nenhum prejuízo para as vendas de fim de ano do comércio. Já que o 13º costuma ser gasto no período.

“Na maioria das vezes, essa antecipação vem para quitar algumas dívidas ou até mesmo para o fomento de fim de ano. Mesmo assim não pode ser encarado como algo negativo [a antecipação], porque esse dinheiro vem para dar dinamismo à economia. Em linhas gerais, não prejudicará as vendas de fim de ano. Porque no fim do ano existe a tendência de gastos, o apelo emocional mais significativo, então, a princípio, traz um fôlego porque é um recurso a ser injetado na economia”, analisa Daniela.

Constantino ainda aponta que a população normalmente consome mais no período das festas de fim de ano. “Não prejudica as vendas de fim de ano porque as pessoas consomem mais no fim do ano, então esse recurso antecipado não deve prejudicar”, avalia.

No mês passado, durante sessão da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, o deputado Cabo Almi (PT) sugeriu, durante o seu pronunciamento, que o governo do Estado fizesse o adiantamento de 50% do 13º salário dos servidores públicos estaduais.

No entanto, conforme informado pela gestão estadual, o Estado não estuda essa possibilidade.

A Prefeitura Municipal de Campo Grande também descartou a possibilidade. “Não estamos trabalhando com esse cenário”, disse o secretário de Finanças do município, Pedro Pedrossian Neto.

O economista Michel Constantino acredita que seria uma boa estratégia para acelerar a retomada econômica em Mato Grosso do Sul. “Se antecipasse de estados e municípios, também seria um grande ganho para a economia, porque daria uma aquecida”, concluiu.

NACIONAL

Em todo o País, a antecipação de recursos do INSS colocará em circulação R$ 25,325 bilhões entre os dias 25 de maio e 8 de junho, quando 31 milhões de segurados terão direito ao pagamento antecipado da primeira parte da gratificação.

Ainda de acordo com o Instituto, quando considerados os 36 milhões de benefícios a serem creditados na competência de maio, inclusive os assistenciais sem direito ao 13º salário e também a primeira parcela da gratificação, o INSS injetará R$ 76,320 bilhões na economia até o início de junho.

O abono será creditado nas mesmas datas em que os segurados receberão também o benefício de maio, conforme o calendário regular de pagamentos. A segunda parcela será antecipada para a folha de junho e deve ser depositada entre os dias 24 de junho e 7 de julho.

A ordem dos créditos é estabelecida conforme o número final do benefício, sem o dígito. O decreto que permitiu a antecipação para os meses de maio e junho foi publicado no Diário Oficial da União do dia 5 deste mês.