O presidente da comissão de arbitragem da CBF, Sérgio Corrêa, instruiu nesta terça-feira os árbitros para punir exemplarmente simulações que visem aproveitar a orientação de fair play da Fifa, que recomenda que o jogo seja paralisado em caso de contusão. A recomendação vem dias depois de o técnico português Paulo Bento, do Cruzeiro, ter criticado a utilização deste expediente pelos jogadores do América-MG no último sábado.Temos verificado muitas situações dos jogadores tentando enganar a arbitragem. Isso prejudica o espetáculo e tumultua a partida. Vamos enfatizar para que essa infração seja controlada e punida exemplarmente, disse o dirigente. A preocupação de Sérgio Corrêa é fazer com que os jogos tenham mais tempo de bola rolando.A decisão é uma resposta às reclamações de Paulo Bento. O ex-técnico da seleção portuguesa não permitiu que a sua equipe devolvesse a bola para o adversário, após uma simulação de contusão. O ato irritou os atletas e comissão técnica do América-MG. Ao final da partida, o treinador avisou que seu time não praticará mais o fair play e caso o adversário jogue a bola para fora, não vai devolvê-la. É o árbitro que tem de apitar, analisar e parar o jogo, disse.A polêmica gerou discussão nos clubes nesta terça-feira e faz com que as partidas desta quarta e quinta ganhem um ingrediente extra. A diretoria do Cruzeiro já avisou que apoia a decisão de seu treinador. Estão confundindo o fair play com um ato para retardar o jogo. O futebol brasileiro tem de mudar algumas coisas e acreditamos que o Paulo tem total razão no que está falando, por isso estamos do seu lado, disse o vice-presidente de futebol, Bruno Vicintin.Para Cuca, do Palmeiras, a atitude do treinador português não é totalmente errada. Ele acredita que tem existido um exagero nas simulações. O que ele falou pode causar um impacto grande, mas não está totalmente errado. Tem vezes que a gente percebe que o jogador faz de propósito para ganhar tempo, disse o palmeirense que pede união dos treinadores por um futebol mais honesto. Deveríamos ter uma reunião para discutir essas coisas, como acontece lá fora.Tite também condena a prática de simulações e espera que o aviso da Comissão de Arbitragem da CBF seja colocado em prática. Existem situações leais, mas existem simulações, sim, para levar vantagem. Existem as duas. O árbitro poderia trazer para ele essa responsabilidade. Eu não consigo julgar (se é ou não simulação), comentou o corintiano.No Cruzeiro, os jogadores lembraram nesta terça-feira que viveram o outro lado da polêmica contra o mesmo América-MG, na semifinal do Campeonato Mineiro. Um jogador nosso caiu e eles seguiram para o ataque. Levantamos a mão para parar o jogo e nada aconteceu, reclamou o meia uruguaio Arrascaeta.MAIS PRESSÃO - Já na segunda rodada, o assunto foi motivo de reclamação do técnico Levir Culpi, do Fluminense. Ele ficou irritado com os jogadores do Santa Cruz, no empate por 2 a 2. Segundo ele, um acordo entre os técnicos foi desrespeitado. Em uma dessas reuniões, queríamos o fair play. Só devolver a bola no lugar onde ela saísse. O que fazem? Devolvem lá no goleiro para fazer pressão, disse.
02/06/2016 às 07:31, Atualizado em 27/07/2016 às 11:24
CBF recomenda punição para o mau uso do "fair play"
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Redação, Estadão
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