A relação de grande parte dos brasileiros com o dólar é invisível. Apesar de a moeda ser americana, produtos comuns do dia a dia são influenciados por sua variação.
Nesta quarta-feira (22), o dólar fechou a R$ 4,06, no patamar mais alto dos últimos dois anos.
Com esse resultado, nos próximos dias, o pão francês, o macarrão, os produtos de limpeza, a gasolina, os itens eletrônicos e até mercadorias vindas da China ficarão mais caras.
O professor de economia da FGV (Fundação Getúlio Vargas) Marcelo Kfoury explica que cerca de 10% dos produtos da cesta básica contém matéria-prima cotada no mercado financeiro internacional. "Arroz, feijão e petróleo, por exemplo, fazem parte das negociações no exterior", afirma.
Para o especialista, a situação é complicada porque só agora é que a inflação está se recuperando da greve dos caminhoneiros. "Com essa disparada do dólar, não haverá fôlego. Os preços vão continuar subindo durante os próximos meses", diz.
De acordo com Claudio Zanão, presidente da Abimapi (associação das indústrias de biscoitos, massas e pães), produtos que têm o trigo como matéria-prima são os que mais sentirão o impacto. "Metade do consumo do cereal no Brasil depende da produção de outros países, como a Argentina e o Canadá."
Na capital paulista, o pão deve subir imediatamente, segundo o Sindicato Padeiros. Já em Campinas, a alta deve chegar na próxima semana, de acordo com Sipac (sindicato da categoria).
Thiago Berka, economista da Apas (Associação Paulista de Supermercados), diz também que os mercados vão precisar repor em breve os estoques de produtos de limpeza. "Há alguns dias a disparada do dólar preocupa as empresas. Com estoques acabando, será preciso pagar mais para repor. E isso terá consequências para o consumidor final."
A alta da moeda americana é resultado das indefinições políticas do Brasil, explica o professor Kfoury. "São os investidores do mercado financeiro antecipando as consequências da eleição deste ano", afirma.
Fonte - Folhapress
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