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19/07/2020 às 14:00, Atualizado em 19/07/2020 às 12:12

Na fronteira, 400 lojas fecham e 6 mil vagas são extintas

Comerciantes protestaram durante a semana pela reabertura da divisa entre Ponta Porã e Pedro Juan Caballero

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Divulgação

A fronteira entre Ponta Porã e Pedro Juan Caballero está fechada há quatro meses. De acordo com a Câmara de Comércio e Turismo de Pedro Juan Caballero, o segmento já registra cerca de 400 lojas fechadas no período em decorrência da pandemia do novo coronavírus (Covid-19). A semana foi marcada de protestos por parte dos comerciantes.

Na madrugada de sexta-feira (17), foram queimados pneus para impedir o cruzamento da fronteira. Ainda no mesmo dia, comerciantes fizeram filas de carros com buzinaço pedindo a reabertura da faixa fronteiriça. “Tivemos mais de 70% das lojas fechadas e as que estão trabalhando operam com apenas 25% da capacidade. São quase 400 lojas que já foram fechadas e o número pode ficar ainda maior. Muitos empresários brasileiros tiveram de fechar as portas”, explicou o presidente da Câmara de Comércio de Pedro Juan Caballero, Victor Barreto.

Outro problema enfrentado por brasileiros é quanto ao desemprego. Com a restrição do trânsito entre os países, brasileiros que trabalham na cidade paraguaia são impedidos de entrar. “O número de desempregados passou de 5 mil e deve chegar a 6 mil, porque estão fechando cada dia mais empresas e postos de trabalho. Os trabalhadores brasileiros que trabalham em lojas paraguaias foram afetados neste sentido”, informou Barreto, que ainda ressaltou que destes quase 6 mil demitidos 30% são brasileiros.

O empresário Amauri Ozório Nunes explicou que foi afetado pelo fechamento da linha internacional que separa as cidades. O comerciante tinha empresas dos dois lados da fronteira, mas, com o impedimento do trânsito entre os países, precisou fechar o comércio do lado paraguaio. “Eu fechei a loja do Paraguai, aqui no Brasil estamos trabalhando normalmente, só perdemos os clientes paraguaios. Fronteira fechada é uma realidade que temos de nos acostumar”, lamentou.

PROTESTOS

Os protestos começaram na segunda-feira (13), quando mais de mil pessoas protestaram no Paraguai. Comerciantes e trabalhadores reclamam porque, logo no início do impedimento, brasileiros iam até a fronteira, compravam produtos paraguaios e recebiam na linha internacional. Durante toda a semana passada, foram registrados protestos.

Segundo o jornal ABC Color, o local onde o incêndio foi provocado é o mesmo onde terça-feira (14) houve uma briga entre vendedores de pneus de veículos e os militares encarregados de impedir a passagem de pessoas para o Brasil em cumprimento do decreto presidencial que prevê o fechamento de fronteiras para impedir a propagação do vírus.

Na ocasião, os vendedores alertaram que, se não houver flexibilidade para o comércio, um surto social poderá ocorrer.

A presidente da Associação Comercial e Empresarial de Ponta Porã (Acepp), Fabrícia Prioste, disse que os comerciantes da cidade vizinha protestavam porque houve uma tentativa de abrir pontos de vendas para Ponta Porã.

A empresária explicou ao Correio do Estado que a situação é ruim para as duas cidades. “No comércio de Ponta Porã houve um aumento nas vendas, porém, sentimos falta do cliente de Pedro Juan. Trata-se de cidades-gêmeas, impossível sentir-se privilegiado neste momento delicado”.

Comerciantes denunciaram ao Correio do Estado que há quem esteja transitando normalmente entre os dois países, mesmo com os limites territoriais fechados.

DELIVERY

Em junho, o Paraguai havia planejado uma solução, a venda on-line e entrega por delivery entre os países. A ideia era reduzir os impostos do comércio de fronteira para venda aos brasileiros.

No entanto, a Receita Federal do Brasil informou que as mercadorias que entrarem no Brasil seriam consideradas ilegais e seriam apreendidas, como noticiou o jornal Última Hora.

Segundo a Receita, como o Paraguai fechou todas as fronteiras e proibiu o ingresso de estrangeiros, é impossível declarar o ingresso de bens a partir do território paraguaio. Também não será possível aplicar a tarifa de isenção de compras de até US$ 500 prevista no regime fiscal especial para mercadorias adquiridas por turistas brasileiros.

Quando os primeiros casos de infecção pela Covid-19 foram registrados, em março, o Paraguai fechou as fronteiras. O Exército faz desde então a fiscalização na linha internacional. Valas, barricadas com pneus, arame farpado e tambores foram feitos para impedir o trânsito entre os dois países.

Fonte - Correio do Estado

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