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25/10/2016 às 20:00, Atualizado em 25/10/2016 às 16:54

Vaticano proíbe que cinzas do morto sejam guardadas em casa ou espalhadas

O consultor da Congregação para a Doutrina da Fé, Ángel Rodrígez Luño, disse que a conservação das cinzas em casa só pode ser permitida em casos de "graves e excepcionais circunstâncias", em que uma pessoa faça esse pedido por "piedade ou proximidade".

O Vaticano divulgou nesta terça-feira (25) as regras para a cremação de católicos, que incluem a proibição à conservação das cinzas do morto em casa, evitando que elas se tornem "lembranças comemorativas". A Igreja Católica também proibiu que os fiéis espalhem as cinzas de mortos cremados.

As normas estão presentes em uma instrução da Congregação para a Doutrina da Fé aprovada pelo papa Francisco. O novo texto, com o nome "Instrução Ad resurgendum cum Christo", atualiza o anterior, de 1963, perante novas práticas de sepultamento e de cremação consideradas em "desacordo com a fé da Igreja".

De acordo com o documento, se for escolhida a cremação, as "cinzas do morto devem ser mantidas em um lugar sacro, ou seja, nos cemitérios, e a conservação das cinzas no ambiente doméstico não é permitida".

O Vaticano abre exceção apenas para casos envolvendo "circunstâncias graves e excepcionais, dependendo das condições culturais de caráter local". "No entanto, as cinzas não podem ser divididas entre os membros da família, e devem ser respeitadas as condições adequadas de conservação", acrescenta a instrução.

O consultor da Congregação para a Doutrina da Fé, Ángel Rodrígez Luño, disse que a conservação das cinzas em casa só pode ser permitida em casos de "graves e excepcionais circunstâncias", em que uma pessoa faça esse pedido por "piedade ou proximidade".

A Igreja Católica também proíbe que o resultado da cremação seja transformado em "lembranças comemorativas" e "objetos de joalheria", indo contra a prática de colocar as cinzas em adereços como colares como forma de recordação do ente querido.

Espalhar as cinzas no mar ou em qualquer outro tipo de ambiente também foram vetados pela Congregação para a Doutrina da Fé. "Para evitar qualquer tipo de equívoco panteísta, naturalista ou niilista, não é permitida a dispersão das cinzas no ar, na terra, na água ou de outro modo", afirma o documento.

Caso o morto tenha expressado em vida o desejo de ser cremado por razões contrárias à fé cristã, a Igreja deve negar a realização de seu funeral. "A Igreja não pode permitir abordagens e ritos que envolvam concepções erradas da morte, tida seja como a anulação definitiva da pessoa, seja como o momento de sua fusão com a mãe natureza ou com o universo, seja como uma etapa no processo de reencarnação, seja como a libertação definitiva da prisão do corpo", segundo a instrução aprovada pelo Papa.

Embora diga que a cremação de um cadáver não é por si só a negação da fé cristã, o documento ressalta que a preferência continua sendo pelo sepultamento dos corpos. As regras são uma forma encontrada pelo Vaticano de regulamentar uma prática difundida em muitos países, mas que em alguns casos está baseada em ideias que contrariam a doutrina católica.

A cremação é permitida pela Santa Sé desde 1963, desde que não seja um ato de contestação da fé. "A Igreja não tem razões doutrinárias para impedir tal prática, já que a cremação do cadáver não atinge a alma e não impede a onipotência divina de ressuscitar o corpo. Mas a Igreja continua a preferir o sepultamento porque assim se mostra uma estima maior em relação aos defuntos", diz o documento.

Para a Igreja Católica, a conservação das cinzas em cemitérios ou em outros locais "favorece a memória e a oração pelos mortos da parte dos seus familiares e de toda a comunidade cristã". (Com as agências internacionais)

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