Mato Grosso do Sul vai promover estudo que pretende mapear pelos próximos 15 meses, o índice de agressão contra a mulher em seus 77 municípios e os impactos relacionados à saúde. A ideia do projeto é de desenvolver ações que visem o combate a violência. O início do projeto foi assinado hoje, 13.
O plano conta com a Cassems (Caixa de Assistência dos Servidores do Estado de Mato Grosso do Sul), Xaraés Consultoria e Projetos, com a Organização das Nações Unidas para as Mulheres (ONU Mulheres) e a Organização Pan-Americana para as Mulheres (OPAS).
O Estado registrou, nos três primeiros meses deste ano, 5 mil ocorrências de violência contra a mulher – o que corresponde a uma denúncia a cada 1 hora e 27 minutos. Os dados são da Secretaria Estadual de Políticas para as Mulheres.
A subsecretária estadual de Políticas para Mulheres, Luciana Azambuja, esteve no local e informou que das cinco mil ocorrências, 1,7 mil casos foram registrados somente na Capital, portanto, 18 mulheres sofreram, por dia, algum tipo de violência. “Nesse tempo foram seis feminicídios e 12 tentativas”, acrescentou.
De acordo com a Luciana, as escolas públicas também devem entrar no processo de conscientização. “Prevenção da Lei Maria da Pena nas escolas, para conscientizar meninos e meninas sobre machismo, misoginia que subjuga a mulher”.
O presidente da Cassems, o médico Ricardo Ayach, salientou que a violência contra a mulher não é um problema de segurança, mas social e de saúde pública, e advertiu que Mato Grosso do Sul é o 5º estado com mais registros de feminicídios no mundo.
Impactos na saúde
O “Relatório Mundial sobre Violência e Saúde 2002” da Organização Mundial de Saúde (OMS), em 48 pesquisas realizadas com populações do mundo todo, entre 10% a 69% das mulheres relataram ter sofrido agressão física por um parceiro íntimo em alguma ocasião da sua vida. Para muitas dessas mulheres, a agressão física não foi um evento isolado, mas sim parte de um padrão contínuo de comportamento abusivo.
Ainda segundo o relatório da OMS, as consequências do abuso são profundas, indo além da saúde e das felicidades pessoais, chegando até mesmo a afetar o bem-estar de comunidades inteiras. Viver um relacionamento violento afeta o senso de auto estima de uma mulher e sua capacidade de participar do mundo. Estudos mostram que mulheres que sofreram abuso são rotineiramente restringidas em suas formas de acesso a informação e serviços, participar da vida pública e receber apoio emocional de amigos e parentes. Não é de surpreender que, frequentemente, essas mulheres não consigam cuidar de si mesmas e de suas crianças, tampouco consigam procurar empregos e seguir carreiras.
De acordo com dados do Instituto Avon e do Data Popular, três em cada cinco mulheres jovens já foram agredidas em seus relacionamentos efetivos e 48% das mulheres já haviam sofrido algum tipo de violência em sua própria residência. Em Mato Grosso do Sul, as mulheres sofrem com violência em todas as regiões do Estado e cidades como Dourados, Campo Grande, Paranaíba, Cassilândia, Aquidauana, Corumbá e Ponta Porã estão no topo do ranking desse tipo de ocorrência. Entre os anos de 2003 e 2015, 664 mulheres foram internadas por agressão nos serviços de saúde no Estado de Mato Grosso do Sul.
Com informações do Midiamax
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