Luís Roberto Barroso, presidente do Tribunal Superior Eleitoral, se posicionou contra a ideia do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e de aliados de retomar do voto impresso no Brasil. À GloboNews, o ministro do Supremo Tribunal Federal afirmou que isso levaria ao caos no sistema eleitoral.
A volta do voto impresso entrou em discussão no Congresso Nacional após muito tempo de insistência de bolsonaristas. O tema foi posto em pauta pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que criou uma comissão especial para discutir uma PEC, Proposta de Emenda à Constituição. O texto tornaria o voto impresso obrigatório.
A PEC é da deputada bolsonarista Bia Kicis (PSL-DF). Caso o texto seja aprovado, o voto no Brasil seria em cédulas de papel.
Sobre o assunto, Barroso afirma que, se o Brasil retomar o método, “nós vamos criar o caos no sistema que funciona muitíssimo bem”. À GloboNews, o presidente do TSE afirmou ainda que o sistema de voto na urna eletrônica é totalmente confiável.
“O nosso sistema de voto em urna eletrônica é totalmente confiável. No entanto, eu queria dizer que, numa democracia, nenhum tema é tabu. E, portanto, tudo pode ser discutido à luz do dia. Portanto, o lugar próprio para discutir isso é o Congresso Nacional. Mas nós temos elementos mais do que suficientes para demonstrar a absoluta confiabilidade do sistema”, declarou o ministro.
Para Barroso, deixar de usar a urna eletrônica seria “mexer num time que está ganhando”. “Tem tanta coisa funcionando mal no Brasil e as pessoas estão, algumas pessoas, pensando em modificar o que vem funcionando bem. E só para lembrar, nesse sistema foi eleito o presidente Fernando Henrique para o segundo mandato, foi eleito o presidente Lula duas vezes, a presidente Dilma por duas vezes e o presidente Jair Bolsonaro. Alguém acha que as urnas não expressaram, efetivamente, a vontade popular?”, questionou.
Na entrevista à GloboNews, o presidente do TSE ainda expressou preocupação de que, com o voto impresso, haja um processo de judicialização das eleições.
“O Brasil tem 5.600 municípios. O voto impresso vai permitir que cada candidato que queira questionar o resultado peça a conferência dos votos. Vai contratar os melhores advogados eleitorais do país para buscar uma nulidade, alguma inconsistência e vai questionar oficialmente o resultado das eleições. E aí nós vamos ter mais um nível de judicialização no país, que vai ser o resultado das eleições, vai ser produto de uma decisão judicial. Ninguém precisa disso.”
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