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20/08/2016 às 08:00, Atualizado em 19/08/2016 às 22:48

Delfim Netto diz à PF que recebeu R$ 240 mil da Odebrecht por consultoria

Citado em delação da Lava Jato

O economista Antônio Delfim Netto, ex-ministro da Fazenda dos governos Costa e Silva (1967-1969) e Médici (1969-1973), durante o regime militar brasileiro, disse em depoimento à Polícia Federal (PF) que recebeu R$ 240 mil do chamado "setor de operações estruturadas" da Odebrecht por um serviço de consultoria. A oitiva ocorreu na segunda-feira (15).

O setor era usado exclusivamente para o pagamento de propinas, com "estrutura profissional" e funcionários dedicados aos crimes, conforme revelaram investigações da Operação Xepa, um dos desdobramentos da Operação Lava Jato.

O ex-ministro foi intimado pela PF a apresentar documentos comprovando os serviços prestados por ele à Odebrecht e que justifiquem o pagamento do valor.

À polícia, ele disse não ter firmado contrato do serviço, mas assegura que prestou a consultoria.

Netto ressaltou, no depoimento, que pediu para receber o valor em espécie "por motivos pessoais, por pura conveniência", mas que desconhecia que o dinheiro havia saído deste setor. "[Delfim Netto] não se recorda por qual meio de comunicação foi ajustado a entrega de R$ 240.000.000", diz um trecho do depoimento.

O ex-ministro alegou que presta consultorias à Odebrecht há 20 anos. Ele garantiu que não recebeu outros valores em situações parecidas da Odebrecht.

A Odebrecht foi procurada pela reportagem e afirmou que não vai se manifestar sobre o assunto.

Citado em delação

O nome do ex-ministro apareceu nas investigações da Lava Jato na delação premiada do ex-executivo da Andrade Gutierrez Flávio Barra. O delator disse à Procuradoria-Geral da República (PGR) que pagou R$ 15 milhões de propina a Netto, em 2010.

O dinheiro, de acordo com Barra, foi uma gratificação por ele ter ajudado a montar consórcios de empresas que disputaram licitações para obras da Usina Belo Monte.

O montante teria chegado ao ex-ministro por meio de contratos fictícios de empresas de um sobrinho dele, Luiz Apollonio Neto, com a construtora, por meio de contratos fictícios.

O advogado de Delfim Netto, Maurício Leite, afirma que a defesa nunca teve acesso a essas informações e que refuta veementemente qualquer questionamento da vida profissional do economista. Segundo o advogado, Delfim Netto sempre prestou consultoria na área econômica e sempre recolheu todos os impostos de acordo com a lei.

Fonte: G 1

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