O Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) aprovou nesta segunda-feira, dia 27 de janeiro, sem restrições, a compra de parte da Embraer pela Boeing. No entendimento dos conselheiros, as duas empresas não concorrem nos mesmos mercados e, por isso, a transação não representa riscos à concorrência sadia.
A operação foi anunciada em julho de 2018, nove meses após a compra de parte da Bombardier pela Airbus – outras duas gigantes da aviação comercial. A nova empresa, resultante dessa união, tem capital avaliado em US$ 4,75 bilhões.
A transação será feita em duas "etapas". Em uma delas, a Boeing vai comprar 80% do capital da Embraer ligado à aviação comercial – produção de aeronaves regionais e comerciais de grande porte, segundo material divulgado pelo Cade.
Na outra transação, Embraer e Boeing vão criar uma joint venture (nova empresa) voltada à produção da aeronave KC-390, de transporte militar. Esse cargueiro é o maior modelo produzido no Brasil, atualmente – a estreia da aeronave foi em outubro.
Segundo nota divulgada à imprensa, o Cade concluiu que a operação trará benefícios à Embraer, "que passará a ser um parceiro estratégico da Boeing". A cooperação tecnológica e comercial pode favorecer, no entendimento da autarquia, os ramos que permanecem com a Embraer, de aviação executiva e de defesa.
Entenda por que as gigantes da aviação estão unindo forças
A transação já tinha sido aprovada pela Câmara de Comércio dos Estados Unidos, mas ainda requer aval da União Europeia. No início do ano, os reguladores europeus anunciaram que tomarão uma decisão até 30 de abril.
Em material divulgado à imprensa, o CEO e presidente da Embraer, Francisco Gomes Neto, diz que a aprovação é uma "demonstração clara da natureza pró-competitiva" da parceria.
"A decisão não apenas beneficiará nossos clientes, mas também permitirá o crescimento da Embraer e da indústria aeronáutica brasileira como um todo", afirma Neto.
Sem dano à concorrência
Ao analisar a operação comercial, o Cade se baseou em modelos com capacidade entre 100 e 150 assentos. E identificou que, "apesar de as condições de entrada no setor não serem favoráveis", a operação não terá impacto negativo na rivalidade que já existe no mercado.
Segundo o Cade, "a ampliação do portfólio da Boeing deve aumentar sua capacidade de exercer pressão competitiva contra a líder Airbus, empresa que domina esse mercado".
Já na área de defesa (militar), o Cade analisou o risco de dano ao mercado de aeronaves tripuladas de porte similar – como o C-40 Clipper e o KC-46 A Pegasus, que já são produzidos pela Boeing.
No entendimento do conselho, como a operação de joint venture não representa a união dos portfólios militares de Boeing e Embraer, não há risco de dano à concorrência.
Fonte - G 1
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