Publicado em 06/08/2016 às 10:01, Atualizado em 06/08/2016 às 11:57
Patrocinadora da Rio-2016, a Globo escalou um timaço para apresentar a esperada cerimônia de abertura dos Jogos – o seu maior narrador, Galvão Bueno, dois de seus melhores repórteres, Marcos Uchôa e Renato Ribeiro, e a veterana e carismática Glória Maria.
Diante da alta qualidade da festa, talvez tivesse sido melhor contar com uma equipe menos badalada e mais discreta. Em vários momentos, em vez de simplesmente apreciarem a beleza das imagens e músicas, Galvão e Glória duelaram pelo direito de falar, atrapalhando a experiência de quem estava assistindo.
Houve vários desentendimentos entre os dois por este motivo. "Esses travesseiros...", disse Galvão ao ver um dos efeitos exibidos no início. "São tambores", corrigiu Glória. No momento em que foram exibidos grupos de imigrantes que ajudaram a formar o Brasil, o narrador comentou: "Aí chegam os japoneses". E a repórter: "São os asiáticos".
A certa altura, extasiado com o que via, Galvão falou consigo mesmo: "Vamos falar pouco agora e observar". Não deu certo. Em 10 segundos, ele já estava falando novamente. Um pouco depois, enquanto Glória explicava algo que dispensava explicações, Galvão cortou: "Vamos ouvir, Glória!"
Durante o desfile dos países, Galvão e Glória voltaram a se desentender sobre a importância do corredor Usain Bolt. Na visão da repórter, o atleta jamaicano está à altura dos maiores da história, o que pareceu uma heresia para o narrador, que citou Pelé e Muhammad Ali.
Se sobrou vontade de descrever para o espectador tudo o que ele estava vendo na tela, faltou disposição para comentar um momento-chave, a não menção ao nome do presidente interino Michel Temer. "Foi um pedido para que ele não fosse apresentado, então foi uma quebra de protocolo", disse Galvão. E mais não foi dito.