Publicado em 02/04/2017 às 08:33, Atualizado em 02/04/2017 às 10:34
O avanço dos anúncios em vídeos na internet impulsionou o mercado publicitário digital no Brasil em 2016. O volume de investimentos no formato cresceu 115% em 2016, para R$ 2,22 bilhões.
No ano, o investimento em publicidade na internet avançou 26%, atingindo R$ 11,8 bilhões. As informações são da Agência Brasil.
Os dados fazem parte de pesquisa do IAB Brasil (Interactive Advertising Bureau, associação do setor), realizada em parceria com a empresa Comscore, especializada em medição de audiência na internet.
Em março do ano passado, o IAB havia previsto um crescimento de 12% para o marketing digital no Brasil em 2016.
Cristiano Nobrega, do IAB Brasil, afirma que o crescimento dos investimentos em vídeos foi puxado pela maior disseminação de smartphones e de internet banda larga no país.
Além disso, com o mercado mais maduro e as produtoras mais especializadas, o custo para produção de vídeos vem caindo, diz Nobrega.
A maior parte dos investimentos segue concentrada em buscadores e classificados, com 48,5% do total. Redes sociais e banners, somados, recebem 32,5% dos investimentos, e vídeos ficam com 19%.
Sobre o crescimento acima do esperado para o mercado publicitário na internet, mesmo durante a crise, Nobrega afirma que a publicidade digital se mostrou como alternativa competitiva por permitir boa medição de resultados de investimentos e boa performance deles.
Dados da empresa de pesquisas eMarketer apontam que, em 2016, os investimentos em publicidade no Brasil somaram R$ 44,7 bilhões, o que indica que a internet vem recebendo cerca de um quarto deles.
BOICOTE
Sobre o recente boicote de anunciantes na Inglaterra e nos Estados Unidos ao YouTube, principal plataforma de vídeos na internet, ele afirma que não prevê grande impacto no mercado brasileiro.
Nas últimas semanas, grandes anunciantes pediram que seus anúncios fossem removidos da plataforma depois que foi descoberto que eles vinham sendo exibidos ao lado de vídeos de grupos extremistas.
Nobrega diz que as plataformas serão rápidas para corrigir eventuais problemas antes de eles afetarem o mercado brasileiro.
'Mercados em amadurecimento passam por esse tipo de provação. A boa notícia é que o meio digital tem maneiras de trazer soluções e tecnologias para responder esses e outros desafios que apareçam durante seu crescimento.'
Sobre o tema das notícias falsas na internet e seu impacto na publicidade, Cristiane Camargo, diretora-executiva do IAB Brasil, diz acreditar que a discussão levará à valorização do conteúdo de maior qualidade pelos anunciantes.
O tema ganhou relevância após sua disseminação nos EUA ter sido apontado como um dos fatores que influenciaram o resultado da eleição que elegeu Donald Trump presidente dos EUA.
'As pessoas vão entender que não se compra audiência [com publicidade digital] na 25 de março [rua de comércio popular na Cidade de São Paulo]. Elas vão levar em conta onde sua marca está sendo exposta, quem são os fornecedores remunerados na cadeia.'
Luciana Burger, diretora da Conscore, diz que a pesquisa não faz juízo de valor sobre a qualidade do conteúdo dos sites monitorados.
Porém a empresa vem detectando o crescimento de novas companhias no mercado, que usam estratégias pouco convencionais para divulgar conteúdos, diz.
Para 2017, o IAB espera a repetição do crescimento de 26%, alcançando uma movimentação de R$ 14,8 bilhões no mercado de publicidade digital brasileiro.
METODOLOGIA
Para o estudo, o IAB cruzou dados obtidos em questionários com agências de publicidade, veículos e fornecedores de tecnologia para o setor com dados de audiência e custo de negociação de espaços publicitários medidos pela Comscore.
Grandes empresas, como Google, Facebook e Twitter, não divulgam dados referentes ao faturamento publicitário no Brasil, por isso não há um ranking sobre quais empresas concentram a maior parte da receita.
Fonte FolhaPress