Publicado em 03/05/2020 às 14:29, Atualizado em 03/05/2020 às 15:05
Pesquisadores chineses identificaram pico da produção de anticorpos em pacientes.
Estudo feito por mais de 30 pesquisadores chineses revela que o pico da produção de um tipo específico de anticorpo da Covid-19 ocorre no 13º dia após o início dos sintomas. A informação é útil para balizar as estratégias dos órgãos públicos de saúde, especialmente quanto à testagem dos pacientes que tiveram contato com o vírus, e reacende o alerta quanto aos testes rápidos.
“A grande contribuição dessa análise é ajudar na confirmação e identificar a exposição prévia nos pacientes assintomáticos ”, explicou ao Correio do Estado o doutor em medicina tropical e pós-doutor em imunologia James Venturini, professor da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS).
Publicada na revista Nature Medicine, a pesquisa identificou a presença de anticorpos IgG em 285 pessoas com o novo coronavírus.
Esse tipo de resposta imunológica é conhecida por ser de longo prazo, como se o organismo armazenasse o “antídoto” para o agente patológico na memória.
Venturini explica que embora otimista, a descoberta carece de outros estudos para que se comprove que esse anticorpo é eficaz para “matar” o novo coronavírus.
“Quando temos qualquer infecção, independentemente se adoecemos ou não, o organismo sempre vai produzir anticorpos. É sinal que o organismo foi infectado. Eles podem ser de várias classes e cada um tem sua função imunológica. A IgG é uma classe que aparece em abundância, mas para algumas doenças ela garante proteção, em outras não”, explica o pós-doutor em imunologia.
Como exemplo, ele cita o HIV, que também gera produção de IgG incapaz de eliminar o vírus do corpo.
TESTES RÁPIDOS
Os exames disponíveis nas farmácias que apontam a presença dos anticorpos contra a Covid-19 no organismo devem ser feitos com cautela. Venturini recorda que o Ministério da Saúde recomenda fazê-lo acima do sétimo dia após os sintomas e a pesquisa dos chineses revela que o melhor seria esperar até o 13º.
“Na teoria, eles prometem de 80% a 90% de sensibilidade, mas na prática temos visto que não é bem assim: está variando de 30% a 80%. É difícil encontrar laboratórios que divulguem os parâmetros de acurácia dos exames”, afirma.
O RTPCR, feito no drive-thru do Governo Estadual, é o melhor que existe para testagem em intervalo de tempo curto, mas só funciona enquanto o vírus está presente na cavidade nasal. Isso acontece até o sétimo dia após o início dos sintomas. “Depois disso, ele já desceu para as vias aéreas inferiores”, complementa Venturini.
Sobre a proteção garantida contra Covid-19 pelo corpo, o pós-doutor acredita que os estudos devem avançar nessa direção em mais um ou dois meses.