A OMS (Organização Mundial de Saúde) anunciou, nesta quarta-feira, dia 17 de junho, que vai suspender, pela segunda vez, os ensaios clínicos com hidroxicloroquina contra a Covid-19. Segundo a entidade, as evidências científicas apontam que a substância não reduz a mortalidade em pacientes internados com a doença.
A decisão da OMS se refere aos testes dentro dos ensaios Solidariedade, iniciativa global que busca tratamentos para o novo coronavírus.
Restrepo explicou que a decisão foi adotada com base nas evidências encontradas no ensaio "Recovery", do Reino Unido, que não encontrou benefícios em usar a hidroxicloroquina contra a Covid-19, e em dados disponíveis nos próprios ensaios Solidariedade.
A entidade já havia suspenso os testes com a substância, que é usada para tratar doenças autoimunes e alguns tipos de malária, no dia 25 de maio. Depois, entretanto, retomou os ensaios.
Ensaios Solidariedade
Os ensaios Solidariedade foram anunciados pelo diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, em 18 de março. Vários hospitais, no mundo inteiro, fazem parte da iniciativa. Segundo a OMS, no dia 25 de maio, havia 35 países recrutando pacientes para estudos em mais de 400 hospitais ao redor do mundo.
A organização afirma que a iniciativa pode diminuir em 80% o tempo necessário para ensaios clínicos, que geralmente levam anos para serem desenhados e conduzidos.
Qualquer adulto com Covid-19 que seja internado em um hospital participante pode fazer parte das pesquisas. Os pacientes são distribuídos, de forma aleatória por um computador, entre 5 opções de tratamento:
Um grupo de pacientes recebe apenas a forma de tratamento padrão do local onde está.
O segundo grupo recebe essa forma de tratamento + o antiviral remdesivir, que já foi testado para o ebola e teve resultados promissores contra a Sars e a Mers, também causadas por vírus da família corona (como o Sars-CoV-2, o novo coronavírus).
O terceiro grupo recebe o tratamento padrão + hidroxicloroquina (suspenso pela segunda vez).
O quarto grupo recebe o tratamento padrão + os antivirais lopinavir e ritonavir, usados para tratar HIV. Ainda não há evidências de que sejam eficazes no tratamento ou prevenção da Covid-19, segundo a OMS.
O quinto grupo recebe o tratamento padrão + interferon beta-1a, usado para tratar esclerose múltipla.
Antes do "sorteio" do tratamento, o paciente é avaliado por uma equipe médica para descartar medicamentos que definitivamente não poderiam ser dados a ele.
No Brasil, os ensaios do Solidariedade são coordenados pela Fiocruz.
Novo remédio
O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, e o diretor de emergências da organização, Michael Ryan, também destacaram que o corticoide que demonstrou ter efeito em casos severos de Covid-19 deve ser usado apenas por pacientes em estado grave pela doença, e que as pessoas NÃO devem usar a medicação por conta própria ou para prevenir a doença.
Além disso, os diretores destacaram que mais estudos são necessários para entender o mecanismo de ação da substância. A eficácia do remédio foi apontada por pesquisadores dos ensaios "Recovery", liderados pela Universidade de Oxford, mas nenhum estudo científico com os resultados foi publicado ainda.
"Esses medicamentos devem ser usados apenas sob supervisão clínica", pontuou Tedros.
"É excepcionalmente importante que essa droga seja usada sob supervisão médica", destacou Ryan. "Não é para casos leves, não é para profilaxia [prevenção]".
"Essa droga é um anti-inflamatório muito, muito poderoso. Pode resgatar pacientes que estão em condição muito grave, quando os pulmões e o sistema cardiovascular estão muito inflamados. Ela permite, talvez, que os pacientes consigam oxigenar o sangue em um período muito crítico, ao rapidamente reduzir a inflamação em um período muito crítico da doença", esclareceu o diretor de emergências.
"Não é um tratamento para o vírus em si", explicou Ryan. "Não é uma prevenção. Na verdade, esteroides, principalmente esteroides poderosos, podem ser associados à replicação viral. Em outras palavras, eles podem facilitar a divisão e a replicação do vírus", disse.
"Então, é excepcionalmente importante, neste caso, que essa droga seja reservada a pacientes gravemente doentes, que podem se beneficiar dessa droga, claramente. Isso é uma ótima notícia, mas é parte da resposta de que nós precisamos clinicamente. Oxigênio, ventilação, o uso de antivirais, o uso de esteroides – e achar uma combinação de terapias que nos permita salvar a maior quantidade possível de pacientes", explicou Ryan.
Fonte - G 1
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