Publicado em 23/05/2022 às 08:30, Atualizado em 22/05/2022 às 23:09
Em apenas uma semana, foram 1.314 novas confirmações, mas, ainda é cedo para falar em 4ª onda da doença
Casos confirmados de covid-19 voltam a subir em Mato Grosso do Sul, mas ainda não há impacto direto nas internações ou nos óbitos. Dados recentes da SES (Secretaria de Estado de Saúde) mostram que, em apenas uma semana, foram 1.314 novas confirmações.
Conforme levantamento da reportagem feito com os boletins epidemiológicos do Estado, entre a última semana de abril e as duas primeiras de maio, a quantidade de casos vinha decrescendo, em que foram registrados 888 casos em sete dias.
O número mais alto até então este ano, ocorreu entre 12 e 19 de abril, quando o aumento entre uma semana e outra foi de 1.385 casos.
Já as internações parecem estar estagnadas, sem grandes alterações desde o início de abril, quando o total de internados era de 23 pessoas, sendo 15 em UTI (Unidade de Terapia Intensiva). Nesta semana, conforme os dados mais recentes, 23 estão internados, com nove em tratamento intensivo e respirando por aparelhos.
Em relação às mortes pela doença, a média por dia tem sido de uma, com sete na última semana e 10 na semana passada.
O médico infectologista Hilton Luís Alves Filho explica que nesse atual cenário, em que a maioria dos casos é leve, pode haver ainda mais subnotificações do que em momentos anteriores e alerta: isso pode esconder a real situação da circulação viral na população, e pior, pode atrasar medidas de contenção, principalmente se a base para tomada de decisões for o número de internações e óbitos. “Como bem visto, esses indicadores são tardios quando falamos em controle da COVID-19”.
Mesmo assim, para o especialista, falar em uma possível quarta onda ainda é precipitado. “É prudente, sobretudo, manter a vigilância ativa sobre os casos de síndrome gripal, realizando testagem sempre que possível e obrigatoriamente a todos os casos graves e que internem”, afirma.
Crianças – apesar da covid-19 apresentar menor agravamento em crianças, essa é justamente a parte da população mais vulnerável atualmente, já que até os 4 anos de idade, não há vacinação prevista. Mas mesmo fora dessa faixa etária, conforme o infectologista, “é inadmissível que menos de 20% de crianças de 5 a 11 anos estejam imunizadas, sendo que hoje, quase 30% dos casos de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) tem acometido crianças de 0 a 9 anos”, avalia.
O fato de haver tantos casos de síndrome causadas por covid nessas idades, conforme Hilton, é o efeito cascata. “Não mais grave, pois a covid-19 tem baixo índice de complicação em crianças. Porém existe um efeito de cascata, mais circulação viral, mais pessoas e por conseguinte crianças infectadas e assim maior o número de complicações nessa população, ainda que sejam mais raras”, detalha.
Para ele, a vacinação mudou a “cara” da pandemia e “somente com ela conseguiremos superá-la de forma consistente”, ainda assim, é preciso “olhar para ela de forma criteriosa e ampliar a cobertura vacinal nas diversas faixas etárias e condições de fragilidade e risco de doença grave”, como crianças, idosos e pessoas com doenças crônicas.
Com informações do Campograndenews