Publicado em 21/10/2019 às 12:30, Atualizado em 21/10/2019 às 11:53

Novos casos de HIV crescem 21% no Brasil entre 2010 e 2018

Os dados foram compilados pelo Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS).

Redação,
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Contraceptivos e materiais de informação sobre HIV e Aids. Foto: UNFPA Brasil/Solange Souza

Embora vários países da América Latina tenham mostrado declínios impressionantes na incidência do HIV, o número de novas infecções por HIV na região aumentou 7% entre 2010 e 2018, com 100 mil pessoas contraídas pelo HIV em 2018.

Aproximadamente metade dos países da região viu aumentos na incidência entre 2010 e 2018, com os maiores aumentos ocorrendo em Brasil (21%), Costa Rica (21%), Bolívia (22%) e Chile (34% ).

Os dados foram compilados pelo Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS).

Ao mesmo tempo, houve forte declínios em El Salvador (–48%), Nicarágua (–29%) e Colômbia (–22%).

Quarenta por cento das novas infecções por HIV na América Latina em 2018 ocorreram entre gays e outros homens que fazem sexo com homens – populações-chave e seus parceiros sexuais respondem ​​pela maioria das novas infecções na região.

Em entrevista ao UNAIDS, um dos principais ativistas do HIV no Brasil, Jair Brandão, falou sobre a importância da participação da sociedade civil nos espaços de mobilização pelo fim da AIDS dentro das Nações Unidas e para a conquista dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) como um todo.

"Defender a agenda da AIDS também requer discutir outras questões, igualmente importantes e transversais."

"É essencial que a sociedade civil participe efetivamente dos processos nacionais de implementação e monitoramento da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável.

Não podemos alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável sem a participação total da sociedade civil", afirma.

Em julho de 2019, Brandão esteve entre os delegados das organizações não governamentais no Fórum Político de Alto Nível sobre Desenvolvimento Sustentável, em Nova Iorque, representando a RNP+ (Rede de Pessoas Vivendo com HIV e AIDS), e também sua própria organização não governamental, a Gestos: Soropositividade, Comunicação e Gênero.

Por seu papel como consultor de projetos na Gestos e como membro da RNP+, Brandão também lidera o projeto Índice de Estigma de Pessoas Vivendo com HIV 2.0 no Brasil.

Com seus colegas da Gestos e outras redes nacionais de pessoas vivendo com HIV, e com o apoio do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e do UNAIDS, ele ajudou a treinar 30 pessoas em técnicas para entrevistas, em sete cidades brasileiras.

Durante dois meses, eles coletaram informações sobre estigma e discriminação relacionadas ao HIV, realizando cerca de 1.800 entrevistas. Os resultados iniciais serão divulgados em novembro.

"Esse processo fortaleceu os ativistas que conduziram as entrevistas, porque puderam ouvir e experimentar as histórias que muitas pessoas passaram e, até agora, não podiam compartilhar com ninguém", lembra ele.

"Estamos na quarta década da epidemia de AIDS e ainda há muito estigma e discriminação. O Stigma Index 2.0 é um instrumento que nos dá evidências disso no Brasil.

Poderemos defender políticas e serviços de HIV sem discriminação e sem estigma."

Brandão diz acreditar no poder da colaboração e da parceria para alcançar o progresso social "A solidariedade e o espírito de comunidade que ajudaram a criar o movimento da AIDS devem refletir em nossas ações e corações", diz ele.

"Repensar estratégias e criar novas maneiras de trazer mudanças é fundamental. Capacitar novos ativistas, especialmente os jovens, é essencial.

Os jovens precisam ser acolhidos e abertos para receber informações de ativistas experientes nas questões relacionadas à AIDS. É hora de unir forças, não de dividir."

Com informações da ONU