Não vai ser aquela celebração com a qual muitos sonhavam. Mesmo que não haja absolutamente nenhum contratempo no teste e na aprovação de uma vacina eficaz contra a covid, que esteja liberada para uso no início de 2021, ainda vai levar um bom tempo para a vida voltar ao normal. E essa volta à normalidade pré-pandêmica será muito lenta e gradual, de acordo com especialistas ouvidos pelo Estadão.
O freio no otimismo generalizado veio da própria Organização Mundial de Saúde (OMS). Na segunda-feira (3), o diretor-geral, Tedros Adhanom Ghebreyesus, afirmou que a vacina pode não se tornar realidade, a despeito de vários testes estarem sendo feitos em uma velocidade sem precedentes e alguns já apresentarem até mesmo resultados promissores. São 164 substâncias candidatas em desenvolvimento; 25 em fase clínica, seis delas já no último estágio.
"Não existe bala de prata no momento e talvez nunca exista", alertou o diretor-geral. "Há uma preocupação de que talvez não tenhamos uma vacina que funcione. Ou que a proteção oferecida possa durar apenas alguns meses, nada mais."
Para especialistas, o alerta faz todo o sentido, sobretudo diante do relaxamento das medidas de isolamento social e uso de máscaras, com a pandemia estacionada em um patamar muito alto, de aproximadamente mil novos casos por dia no Brasil. "Alguns gestores já estão achando que a vacina vai resolver tudo, que a vida vai voltar ao normal, que não é preciso mais fazer distanciamento", enumera Cristiana Toscano, representante da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) em Goiás e membro do Grupo Consultivo Estratégico de Especialistas em Imunização da OMS. "Isso é muito preocupante porque o Sars-Cov2 claramente não vai desaparecer rapidamente, ele vai ficar entre nós."
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