Mortes até 9 anos por Covid-19 são a maioria na faixa pediátrica

Desde o início da pandemia de Covid-19, em março de 2020, a doença foi responsável pela morte de 20 crianças de 0 a 9 anos em Mato Grosso do Sul. Conforme levantamento feito pelo Correio do Estado, com dados da Secretaria de Estado de Saúde (SES), no mesmo período, 13 crianças de 10 a 18 anos perderam a vida em decorrência de complicações do coronavírus.

Em um recorte mais preciso, apenas neste ano, de janeiro até o dia 5 deste mês, seis crianças entre 0 e 9 anos morreram após contágio por Covid-19. O caso mais recente foi registrado no dia 8 junho, referente ao óbito de uma criança de 9 anos. No mesmo período, cinco sul-mato-grossenses de 10 a 18 anos perderam a vida pela doença.

Segundo o infectologista e pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Julio Croda, entre as doenças que são imunopreveníveis, ou seja, as quais internações e mortes podem ser reduzidas ou evitadas com a aplicação de vacinas, a Covid-19 é a doença que mais matou a faixa etária abaixo dos 5 anos desde 2020.

“Inclusive, essa faixa etária de 0 a 5 anos é a que mais tem mortes por coronavírus entre toda a população pediátrica de até 17 anos”, salientou o pesquisador.

Em Campo Grande, o coronavírus vitimou seis crianças de 0 a 10 anos desde o início da pandemia, conforme a superintendente de Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal de Saúde Pública (Sesau), Veruska Lahdo.

“Entre os vírus respiratórios que circularam nos anos de 2020, 2021 e 2022, a Covid-19 é a que mais causou óbitos na população infantil. Por isso é tão importante a vacinação nas faixas etárias já autorizadas pelo Ministério da Saúde, que agora, com a nova inclusão, compreende crianças de 3 a 10 anos”, reiterou Lahdo.

MORTALIDADE INFANTIL

Nos últimos anos, a Covid-19 despontou como uma das principais causas de mortalidade infantil. De acordo com os dados da Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil), o número de óbitos registrados nos cartórios de registro civil de MS por coronavírus só fica atrás das mortes por pneumonia.

Em 2020, foram registradas no Estado 33 mortes por pneumonia de crianças de 0 a 9 anos. Em 2021, houve o registro do mesmo número de vítimas da doença. Neste ano, os casos de pneumonia nesta faixa etária já vitimaram 31 sul-mato-grossenses.

Segundo a Sesau, em 2020, a Capital registrou quatro mortes por doenças do aparelho respiratório, sendo elas gripe ou pneumonia. No ano seguinte, foram 12 óbitos e, no primeiro semestre deste ano, já foram computadas 11 vítimas dessas patologias de até 14 anos.

No mesmo período, não foram registradas em Campo Grande mortes por doenças como hepatite e sarampo, ambas preveníveis com vacinas.

O único óbito provocado por meningite em crianças entre 0 e 14 anos dentro do recorte dos últimos três anos ocorreu em 2021, de acordo com a Sesau.

NOVO PÚBLICO

Após autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e do Ministério da Saúde, crianças de 3 a 4 anos poderão se vacinar contra Covid-19 com a vacina Coronavac a partir de hoje, em Campo Grande. De acordo com Veruska Lahdo, o imunobiológico estará disponível em 45 unidades de saúde da Capital.

Para dar celeridade à imunização, a superintendente em Vigilância em Saúde d de Campo Grande reforçou que é necessário que os pais ou os responsáveis realizem o cadastro prévio da criança no sistema de vacinação da prefeitura, por meio do site vacina.campogrande.ms.gov.br.

“Lembramos a importância da vacinação de todo o público previsto pelo Programa Nacional de Imunização [PNI], haja vista que a vacina previne as complicações da doença, as internações e as mortes. É importante principalmente nessa faixa etária que compreende as crianças, em que estamos registrando aumento de vírus respiratórios – e muitos deles levam ao óbito”, reforçou Lahdo.

De acordo com a Sesau, pelo menos 24 mil crianças de 3 e 4 anos poderão se vacinar contra o coronavírus com a vacina Coronavac. A partir dos 5 anos, a vacinação também pode ser realizada com o imunizante da Pfizer.

Em relação à Coronavac, o Ministério da Saúde preconiza um intervalo de 28 dias paentre as duas doses.

Até o momento, foram aplicadas 1,9 milhão de doses da vacina contra a Covid-19 em Campo Grande: 80,22% de toda a população receberam pelo menos uma dose do imunizante, e 76,39% já concluíram o esquema vacinal primário. (Colaborou Ana Clara Santos)