O Ministério da Saúde anunciou nesta quarta-feira (25) que vai reforçar, com 11,5 milhões de doses adicionais, os estoques de vacinas contra a febre amarela em todo o país. Deste número, 6 milhões de doses já foram produzidas e compõem um "estoque estratégico", que pode ser acessado de acordo com a necessidade de cada área.
Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro já receberam reforços nas últimas semanas, por terem identificado surtos ou estarem em área próxima dos casos registrados. Até esta quarta, segundo o ministério, 5,5 milhões de doses já tinham sido distribuídas como reforço.
Dos 11,5 milhões anunciados nesta quarta, 6 milhões devem ser enviados a todos os estados onde há indicação de vacinação. Os outros 5,5 milhões estão envasados, em um estoque que pode ser acionado a qualquer momento, segundo o ministério. Todas as vacinas de febre amarela usadas no país são produzidas no Rio pelo Instituto Bio-Manguinhos, ligado à Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz).
Segundo o diretor do Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis do ministério, Eduardo Hage, o estoque é suficiente para imunizar o público-alvo -- formado por pessoas que moram em áreas de risco, nas zonas rurais dos estados afetados, ou que vão viajar para essas regiões nos próximos dias.
"Temos vacinas suficientes para a situação atual, para as próximas semanas e há capacidade de produção adicional, para qualquer demanda que venha a se apresentar", disse.
Apesar disso, secretários dos estados atingidos apontam que a "corrida aos postos" nas regiões metropolitanas pode afetar os estoques, que são pensados com foco na população que vive em área rural. Nas últimas semanas, pacientes esperaram por horas nos postos de saúde em todo o país, e muitos voltaram para casa sem receber a vacina.
Segundo o boletim mais recente do Ministério da Saúde, reunido nesta terça-feira (24), 40 mortes tiveram ligação confirmada com a febre amarela em todo o país -- 37 em Minas Gerais, e 3 em São Paulo. Outros 49 casos são investigados. Ao todo, 438 pacientes tiveram suspeita de infecção pelo vírus, e 70 casos foram confirmados. Um novo boletim deve ser divulgado nesta quinta (26).
Nos estados
Ao longo da semana, as secretarias de saúde dos principais estados afetados pelo surto divulgaram dados divergentes em relação ao balanço do ministério, que somariam 44 mortes. Segundo Hage, isso ocorre por diferenças de tempo entre o lançamento dos boletins, mas disse que não há divergência nos critérios de confirmação ou descarte das suspeitas.
Em São Paulo, até a tarde de segunda (23), o governo estadual informava a existência de três mortes confirmadas por febre amarela e outras três sob investigação, em um universo de 10 casos suspeitos. O ministério lista apenas os três casos confirmados.
Segundo a secretaria paulista, todas essas vítimas estiveram em Minas Gerais neste ano. Das mortes confirmadas, uma teria sido "importada" de MG, e as outras duas, contraídas no interior. Em 2016, São Paulo registrou dois casos de morte por febre amarela silvestre. Segundo o governo, a pessoa só precisa correr atrás de vacina se for viajar para Minas ou para o norte do estado.
No Espírito Santo, 22 pacientes foram listados como suspeitos. O número inclui três mortes sendo que, em uma delas, a relação com a febre amarela foi confirmada pela secretaria estadual. Até a tarde desta terça, 13 pessoas seguiam internadas. No boletim, o Ministério da Saúde não contabiliza essa morte confirmada.
Em Minas Gerais, o surto é ainda mais grave. Na terça, a secretaria estadual de saúde lida com 83 suspeitas de morte por febre amarela. Dessas, 38 já foram confirmadas nos dados da pasta -- o ministério lista 37.
O governo do estado já considera este o pior surto da doença já registrado em Minas Gerais. Foram 393 notificações de suposta contaminação, com 67 casos confirmados entre mortos, internados e curados.
As mortes em Minas Gerais se relacionam a 13 municípios no interior do estado, mas ainda não é possível precisar onde ocorreu cada contágio. O número de 38 mortes inclui dois pacientes que morreram em São Paulo e no Distrito Federal, mas teriam sido infectados em território mineiro.
Quem deve se vacinar?
Mesmo com o aumento de casos no Brasil, o Ministério da Saúde recomenda que sejam vacinadas pessoas que estejam nas áreas de risco ou que vão viajar para as regiões afetadas.
Em situações de emergência, a vacina pode ser administrada a partir dos 6 meses de idade. O indicado, no entanto, é que bebês de 9 meses sejam vacinados pela primeira vez. Depois, recebam um segundo reforço aos 4 anos de idade. A vacina tem 95% de eficiência e demora cerca de 10 dias para garantir a imunização após a primeira aplicação.
Pessoas com mais de 5 anos de idade devem se vacinar e receber a segunda dose após 10 anos. Idosos precisam ir ao médico para avaliar os riscos de receber a imunização.
Por causar reações, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) não recomenda a vacina para pessoas com doenças como lúpus, câncer e HIV, devido à baixa imunidade, nem para quem tem mais de 60 anos, grávidas e alérgicos a gelatina e ovo.
Fonte - G1
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