Publicado em 17/04/2022 às 08:41, Atualizado em 16/04/2022 às 22:44

Ministério da Saúde lança campanha para combater a transmissão da doença de Chagas no Brasil

O lançamento da campanha e a apresentação do boletim foram feitos durante o evento “Chagas Hoje

Redação,
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Divulgação

Para conscientizar os brasileiros sobre a importância de combater a transmissão da doença de Chagas no Brasil, o Ministério da Saúde lançou a campanha contra esse agravo que causa mortes no país. Na véspera do Dia Mundial de Combate à Doença de Chagas, a Pasta também apresentou a nova edição do boletim epidemiológico e as ações para reforçar a vigilância, principalmente nas regiões com maior número de casos.

O lançamento da campanha e a apresentação do boletim foram feitos durante o evento “Chagas Hoje: Quantos Somos e Onde Estamos?”, que teve a participação do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, da representante da Organização Pan-Americana da Saúde, Socorro Gross, e de secretários do Ministério da Saúde. Para Queiroga, a doença de Chagas é um desafio para os sistemas de saúde tão complexos como o Sistema Único de Saúde (SUS) do Brasil.

“O Ministério da Saúde se compromete a continuar trabalhando para erradicar as várias formas dessa doença, que será possível pelo esforço do sistema de saúde e também pelo desenvolvimento socioenconômico do nosso país. Essa iniciativa deve servir como um norte para que possamos combater não só a forma congênita de transmissão, mas as outras formas que temos em relação à essa doença”, contou Queiroga.

Dados do Ministério da Saúde apresentam significativa tendência de queda das taxas de mortalidade nos últimos anos, no período de 2000 a 2019. No entanto, a doença de Chagas continua sendo uma importante causa de morte no Brasil, com uma média de 4 mil óbitos a cada ano, na última década. A pasta incluiu, em 2020, a doença de Chagas crônica na lista nacional de doenças e agravos de notificação compulsória, lista que já incluía a fase aguda da enfermidade.

“Hoje, o Brasil está caminhando para fazer história: na eliminação da doença de chagas congênita. E isso é possível, porque tem decisão política, tem investimento, talento humano e um SUS forte, que está em todo canto do Brasil. Para fazer isso, precisamos saber quantos somos e onde estamos. Essa doença continua afetando pessoas que tem pouca voz e no qual, nós temos que procurá-las e dar voz a elas”, disse Gross.

A partir desta quarta, a campanha será veiculada na TV, rádio, redes sociais e outras mídias, com objetivo de conscientizar a população para prevenir o inseto “barbeiro”, vetor da Chagas. A prevenção começa dentro de casa, com formas simples de evitar os criadouros e se proteger.

A fase crônica da Chagas é consequência das elevadas incidências ao longo do século XX. Estima-se que exista no Brasil, atualmente, pelo menos um milhão de pessoas infectadas pelo Trypanosoma cruzi (T. cruzi), vetor da doença.

Atualmente na presidência da Iniciativa Ibero-Americana “Chagas Congênita – Nenhum Bebê com Chagas”, no âmbito da Secretaria Geral Ibero-Americana (SEGIB), o Brasil firmou o compromisso para a eliminação da transmissão vertical da doença de Chagas, a partir de uma abordagem multidimensional, considerando estratégias de controle e prevenção de outras formas de transmissão da doença.

A Secretaria Geral Ibero-Americana (SEGIB) é um organismo internacional que apoia os 22 países que constituem a comunidade ibero-americana: 19 da América Latina de língua espanhola e portuguesa, além de Espanha, Portugal e Andorra, na Península Ibérica.

Ações de vigilância

Entre as ações do Ministério da Saúde para reforçar a vigilância da doença estão a sistematização dos dados, a partir da notificação no e-SUS Notifica, prevista para iniciar no primeiro semestre de 2022. Outra ação é o aporte financeiro de R$ 6 milhões para o Projeto IntegraChagas, que tem a Fiocruz como instituição executora. Este projeto tem como objetivo principal aumentar a oferta de diagnóstico e tratamento na atenção primária em seis municípios – Abaetetuba (PA), São Desidério (BA) Espinosa e Porteirinha (MG), Iguaracy (PE), São Luis de Montes Belos (GO).

Além disso, executa o projeto CUIDA Chagas, “Comunidades Unidas para a Inovação, Desenvolvimento e Atenção à Doença de Chagas”, uma parceria do MS/Fiocruz com a Unitaid, e os países Bolívia, Colômbia e Paraguai. Este projeto visa o alcance de mulheres em idade fértil, filhos/filhas e seus contatos domiciliares, além de iniciativas voltadas para controle da transmissão materno-infantil com base em metas de eliminação.

Dia Mundial de Combate à Doença de Chagas

O dia 14 de abril foi oficialmente instituído como dia mundial de combate à doença de Chagas durante a 72ª Assembleia Mundial da Saúde, realizada em 2019.

Endêmica em 21 países das Américas, a infecção pelo vetor acomete aproximadamente 6 milhões de pessoas, com incidência anual de 30 mil casos novos na região, ocasionando, em média, 14 mil mortes por ano e 8 mil recém-nascidos infectados durante a gestação.

Estima-se que cerca de 70 milhões de pessoas vivem em áreas de exposição e correm o risco de contrair a doença.

Tratamento no SUS

Uma das formas de controle da doença de Chagas é evitar que o inseto “barbeiro” forme colônias dentro ou perto das residências. Caso a pessoa encontre algum triatomíneo em casa, é necessário acionar a vigilância local para que as equipes técnicas realizem as ações de controle químico vetorial, se necessário. No SUS, o tratamento aos pacientes é indicado e acompanhado por um médico, após a confirmação da doença e os medicamentos são disponibilizados gratuitamente.

Fonte - Ministério da Saúde