Publicado em 11/04/2020 às 09:41, Atualizado em 10/04/2020 às 21:44

Isolamento contra coronavírus cai 10% em MS e pesquisador espera ‘resultados’ em 3 semanas

Chegada do inverno deve elevar número de casos; secretário de Saúde diz que MS ainda não está preparado para alta no volume de doentes

Redação,

A taxa de isolamento social em Mato Grosso do Sul recuou cerca de 10%, chegando a 42,3% nos últimos dados entregues à SES (Secretaria de Estado de Saúde). Com menos pessoas em casa, a tendência é de aumento nas probabilidades de contaminação pelo novo coronavírus (Covid-19), algo que, “em duas ou três semanas” vai impactar o número de pacientes internados no Estado com síndrome respiratória grave e necessidade de terapia intensiva –algo que a Saúde local ainda não está preparada para comportar.

A previsão pessimista partiu do pesquisador Julio Croda, da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) e da Fundação Oswaldo Cruz, que nesta sexta-feira (10) participou da coletiva online da SES que apresentou dados sobre o avanço da doença no Estado –que tem 97 casos confirmados, número que dobrou nos últimos 10 dias. Ele, que também realiza acompanhamentos sobre o isolamento para o Estado de São Paulo, defendeu as ações de isolamento social como as mais eficazes para conter o coronavírus.

“Realmente existe uma correlação muito grande entre os níveis de isolamento e de casos futuros, que ocorrem entre duas e três semanas depois. E houve uma diminuição importante nas duas últimas semanas em termos de isolamento, com queda de mais de 10% em Mato Grosso do Sul que, provavelmente, vai ter um reflexo n as próximas duas ou três semanas”, disse Croda.

A taxa de 42,3% equivale a dizer que, a cada 10 sul-mato-grossenses, 4 seguem as orientações de distanciamento social. O percentual já foi superior a 50% no Estado e veio caindo vertiginosamente. Até o início da semana, o Estado tinha o segundo pior percentual do país, à frente apenas de Tocantins. Nesta sexta-feira, chegou à “lanterna” nacional. A média brasileira é de 48,4% e Goiás é o Estado que mais segue a orientação (54,1% de isolamento).

Os dados são coletados por aplicativos de celular e tabulados por uma empresa, que tem fornecido os dados aos Estados.

Fila

Julio Croda lembrou que o isolamento social é importante para impedir que haja uma corrida por leitos hospitalares de pessoas com o coronavírus, sobrecarregando o sistema de saúde público e privado. “As medidas de isolamento são importantes porque a adesão vai permitir que tenhamos leitos para todos no futuro”, disse, lembrando que o período entre abril e maio, que coincide com sua previsão, marca o início do inverno, quando já há um aumento na demanda por tratamento de doenças respiratórias –como a Influenza e pneumonias.

“E isso já começa a chegar a Mato Grosso do Sul, onde há temperaturas mais agradáveis, e se intensifica em maio, quando há o pico de infecções. E, anterior a maio, pode ocorrer uma maior transmissão pelo relaxamento das medidas de isolamento”, explicou o especialista, ao recomendar que os gestores públicos mantenham as medidas de isolamento –que incluem controle do comércio e o distanciamento das pessoas. “Mantenham o afastamento, que é importante para a saúde”.

As falas de Croda foram complementadas pelo secretário de Estado de Saúde, que advertiu. “É importante dizermos que não estamos preparados ainda para o crescimento [do número de casos]”, afirmou, referindo-se à preparação de leitos hospitalares, respiradores e equipamentos para receber pacientes de coronavírus, que seguem em andamento pelo Estado –nesta sexta-feira, foi aberto o centro de triagem do Parque Ayrton Senna, em Campo Grande, e a prefeitura agiliza a contratualização de mais 100 leitos e 10 UTIs da Unidade do Trauma da Santa Casa para servir de reserva para o Hospital Regional, referência para tratamento da Covid-19 na Capital.

“Se cada um de vocês colaborar, vai dar um tempo bastante adequado para a montagem de toda a estrutura que estamos construindo, não só na Capital mas, principalmente, no interior, para os casos críticos. Especialmente leitos de UTI, que são aqueles que os pacientes, principalmente os do SUS, vão necessitar para, caso precisem, salvar suas vidas”, disse Geraldo.

Com informações do Midiamax