Publicado em 05/06/2019 às 11:30, Atualizado em 04/06/2019 às 22:14
Pesquisa inédita do Ministério da Saúde mostra que a doença é a primeira no ranking nacional.
O maior desafio da saúde pública é a prevenção das doenças que mais afetam a população. Segundo o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto do Instituto Penido Burnier os olhos são a porta de entrada do diagnóstico de diversas alterações sistêmicas. Este é o caso da hipertensão arterial, popularmente conhecida como pressão alta, a mais frequente doença crônica no Brasil, responsável pela morte de 16 pessoas/hora no país.
É o que mostra pesquisa inédita do Ministério da Saúde realizada entre fevereiro e dezembro de 2018 com 52.395 mil participantes acima de 18 anos. O levantamento revela que a hipertensão arterial não se restringe aos idosos. Um em cada 4 brasileiros com mais de 18 anos recebeu diagnóstico no ano passado, contra 22,6% em 2016. Na população com 65 anos ou mais 60,9% são hipertensos e 49,5% dos que têm de 49 a 64 anos.
Queiroz Neto afirma que a pressão alta é caracterizada por valores iguais ou acima de 14 por 9 mm/Hg e nem sempre apresenta sintoma. Por isso, muitas pessoas só descobrem a doença durante a consulta oftalmológica. Isso porque, provoca danos nas artérias da retina que exigem acompanhamento periódico do oftalmologista, além da aumentar o risco de AVC (Acidente Vascular Cerebral), infarto, doenças cardíacas e insuficiência renal que devem ser acompanhadas de cardiologista e nefrologista nos casos em que os rins também são atingidos.
O risco do sal
O oftalmologista destaca que na alimentação o maior inimigo da hipertensão arterial e da visão é o consumo em excesso de sal que no Brasil chega a 12 gramas/dia. Isso porque, explica, o sal de cozinha contém sódio e quando é consumido acima dos 5 gramas/dia conforme preconiza a OMS (Organização Mundial da Saúde), os rins não conseguem filtrar tudo. Por isso, o sódio fica depositado na corrente sanguínea onde retém água. Resultado: ”Aumenta o volume do sangue e leva à hipertensão arterial, além de predispor às retinites relacionas à má circulação”, esclarece.
Outro efeito do excesso de sal na visão elencado por Queiroz Neto é o aumento do risco de contrair catarata. Isso porque, dificulta a manutenção da pressão osmótica entre as células do cristalino que necessitam de baixo nível de sódio para manter a transparência.
As indicações do oftalmologista para reduzir o consumo de sal são:
· Retire o saleiro da mesa
· Acrescente outros condimentos para realçar o sabor.
· Evite embutidos, conservas e alimentos industrializados com glutamato de sódio.
Os sinais da catarata enumerados pelo especialista são: troca frequente dos óculos, dificuldade de enxergar à noite, cegueira momentânea com luzes contra, perda da visão de contraste, dificuldade para ler, usar o celular ou outro dispositivo eletrônico. O único tratamento é a cirurgia em que o cristalino opaco é substituído por uma lente intraocular transparente.
Outros gatilhos em comum
Queiroz Neto afirma que a hipertensão arterial e doenças na retina relacionadas à circulação deficiente têm outros gatilhos em comum. São eles: sedentarismo, obesidade, colesterol alto e diabetes. “A prática de atividades físicas é a chave do estilo de vida que ajuda a controlar tanto a pressão arterial como estas doenças oculares”, ressalta. Na alimentação aconselha:
· Dar preferência para frutas, legumes, e cereais integrais
· Controlar o consumo de açúcar, carboidratos e óleo no preparo dos pratos.
· Substituir frituras por assados
· Diminuir o consumo de biscoitos, salgadinhos e refrigerantes.
Quem já foi diagnosticado com hipertensão arterial deve consultar um oftalmologista a cada 12 ou 18 meses para prevenir o avanço de doenças oculares que podem levar à perda definitiva da visão. No início, a maioria das alterações visuais passam despercebidas conclui.