Publicado em 16/11/2025 às 13:02, Atualizado em 16/11/2025 às 13:04
A especialista destaca a vacinação como uma ferramenta decisiva.
Um cenário de preocupação epidemiológica se desenha no Brasil, com focos de diferentes vírus respiratórios pressionando regiões específicas. O destaque negativo é imposto a Mato Grosso do Sul, que, de acordo com o mais recente Boletim InfoGripe da Fiocruz, divulgado na quinta-feira, dia 11, está em nível de alto risco para SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave), com tendência de crescimento sustentada.
O Estado está entre os três no País – ao lado da Paraíba e de Tocantins – a operar em patamares de alerta, risco ou alto risco. A situação sul-mato-grossense, no entanto, caracteriza-se por um perfil demográfico específico e alarmante: o aumento de casos graves tem se concentrado nas crianças pequenas e é impulsionado, em grande parte, pelo rinovírus, patógeno comum associado ao resfriado, mas que pode levar a complicações sérias em populações mais vulneráveis.
Rinovírus domina infecções em Mato Grosso do Sul
Enquanto Mato Grosso do Sul enfrenta a crise do rinovírus, outros estados lidam com ameaças distintas. O boletim, referente à Semana Epidemiológica 44 (de 26 de outubro a 1º de novembro), chama a atenção para a manutenção do aumento de casos graves por influenza A em São Paulo, Espírito Santo e Rio de Janeiro, com a Bahia começando a mostrar um início de crescimento.
A covid-19, por sua vez, segue em tendência de crescimento em estados como Paraná, Santa Catarina e São Paulo, ainda que em baixos níveis de incidência. No Espírito Santo, os casos de SRAG por Covid-19 em idosos se mantêm estáveis, porém em um patamar considerado moderado.
Um fenômeno atípico foi registrado em Sergipe, onde os pesquisadores identificaram uma alta incomum para a época do ano de SRAG causada pelo Vírus Sincicial Respiratório em crianças pequenas.
Os dados epidemiológicos do ano de 2025, até a data do relatório, pintam um quadro da carga de doença no país. Foram notificados 204.086 casos de SRAG, com mais da metade (52,6%) tendo confirmação laboratorial para algum vírus. Do total de casos positivos, os principais agentes são:
Vírus Sincicial Respiratório (VSR): 40,1%
Rinovírus: 28,2%
Influenza A: 23,2%
Sars-CoV-2 (Covid-19): 8,2%
No entanto, uma análise das últimas quatro semanas revela uma mudança significativa na prevalência, indicando a dinâmica da transmissão viral:
Rinovírus: 37,8%
Influenza A: 24,8%
Sars-CoV-2 (Covid-19): 14,4%
VSR: 6,4%
Esse dado corrobora a situação vista em Mato Grosso do Sul e a crescente participação do rinovírus e da Covid-19 nos casos recentes.
Quanto aos óbitos, foram registrados 12.151 por SRAG em 2025. Entre os óbitos com resultado positivo, a distribuição é diferente da observada nos casos, refletindo a gravidade associada a cada vírus:
Influenza A: 49,4%
Sars-CoV-2 (Covid-19): 23,4%
Rinovírus: 14,4%
VSR: 11,6%
Nas últimas quatro semanas, a Covid-19 assumiu a liderança como principal causa de morte entre os casos positivos (39,4%), seguida pelo rinovírus (28,8%) e pela influenza A (24,7%).
Recomendações para conter a disseminação dos casos de síndromes respiratórias
Diante do cenário, a pesquisadora Tatiana Portella, responsável pelo InfoGripe, reforça por meio de comunicado enviado à imprensa, a necessidade de medidas preventivas. “Continuamos recomendando ações de etiqueta respiratória, como cobrir a boca com o braço ao tossir ou espirrar, fazer isolamento dentro de casa ou usar uma boa máscara em locais públicos em casos de aparecimento de sintomas de gripe ou resfriado”, afirma.
A especialista destaca a vacinação como uma ferramenta decisiva. “Manter a vacinação contra a influenza e a Covid-19 sempre em dia, especialmente para a população que apresenta maior risco de desenvolver quadros graves ou ir a óbito por esses vírus, como crianças pequenas, idosos e pessoas com alguma comorbidade. E pessoas que possuem maior exposição ao vírus como profissionais da área da saúde”. Com informações do site O Jacaré.