Publicado em 16/05/2025 às 11:07, Atualizado em 16/05/2025 às 13:11
As duas mortes ocorreram em um intervalo de dez dias e reforçaram a necessidade de medidas urgentes
Com a rede pública de saúde em situação crítica, o Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) entrou com uma ação civil pública após a morte de duas crianças durante a espera por vagas em UTIs pediátricas em Campo Grande. O caso, denunciado pela 32ª Promotoria de Justiça da Saúde Pública, expõe a falta de estrutura hospitalar, com apenas 28 leitos pediátricos na Capital, sendo 23 pelo SUS e 5 na rede privada.
As duas mortes ocorreram em um intervalo de dez dias e reforçaram a necessidade de medidas urgentes. Segundo o MP, a situação tem colocado em risco a vida de centenas de crianças que aguardam atendimento especializado. Entre os dias 14 e 24 de abril, 555 crianças foram incluídas na fila por internação. Destas, 136 esperaram mais de 24 horas e 80 ultrapassaram 48 horas sem conseguir vaga em hospital.
A promotoria também denunciou o uso de suportes improvisados, como ventilação manual em UPAs e centros de saúde, onde crianças permanecem internadas fora do ambiente hospitalar adequado. O problema é agravado pela alta na mortalidade infantil: até 14 de maio, 13 mortes de bebês com menos de um ano por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) já haviam sido registradas, mais que o dobro das cinco mortes em todo o ano anterior entre menores de 19 anos.
Na ação, o MP pede que o poder público amplie em até 90 dias o número de vagas, com a criação de 30 leitos de UTI pediátrica e 30 clínicos pediátricos permanentes, além da contratação de leitos na rede privada ou o encaminhamento para outros estados, com garantia de transporte e hospedagem para os acompanhantes. O MP também solicita multa diária de R$ 100 mil em caso de descumprimento.
O Ministério Público lembra que a crise na pediatria da Capital não é recente. Desde 2022, unidades como o Hospital Regional, Santa Casa e Humap vêm alertando sobre superlotação e pacientes em corredores, com estrutura insuficiente para atender a demanda crescente.
*Com informações do Campo Grande News