Publicado em 08/08/2024 às 16:30, Atualizado em 08/08/2024 às 14:57
Recomendação do Ministério da Saúde é de que a tetraviral, que além de catapora protege contra sarampo, caxumba e rubéola, seja aplicada aos 15 meses de vida
A criança de 1 ano e 10 meses que morreu devido a complicações provocadas pela varicela, popularmente conhecida como catapora, no último sábado (3), estava com a vacina tetraviral (sarampo. caxumba, rubéola e varicela) atrasada há 7 meses.
A informação é do Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian (Humap), que recebeu a criança na noite do dia 31 de julho. Inicialmente, ela foi atendida na Unidade de Pronto Atendimento, com febre e lesões vesiculares pruriginosas. Lá, foi medicada com antibiótico e encaminhada para o Hospital.
"Na admissão do Humap, em exames de imagem, foi identificado pneumonia grave. A criança faleceu devido a complicações provocadas pela varicela", diz nota do Hospital.
Saiba: A catapora é uma doença infecciosa, altamente contagiosa, causada pelo vírus Varicela-Zoster, que se manifesta com maior frequência em crianças e com incidência no fim do inverno e início da primavera. A principal característica clínica é o polimorfismo das lesões na pele, que se apresentam nas diversas formas e acompanhadas de coceira.
Por se tratar de uma doença altamente infecciosa, o Hospital Universitário adotou o bloqueio sanitário preconizado pelo Ministério da Saúde, que inclui medidas como:
Investigação de casos suspeitos do agravo e casos secundários no hospital, nas Unidade de Pronto Atendimento, residência e creche;
Levantamento dos contatos suscetíveis em ambiente hospitalar, Unidade de Pronto Atendimento, residência e creche;
Bloqueio vacinal (hospital, UPA, residência e creche);
Orientações e monitoramento de aparecimento de novos casos nos próximos 21 dias.
Retorno das mortes após três anos
Conforme noticiado anteriormente pelo Correio do Estado, Campo Grande não registrava mortes pela doença desde 2021. Segundo a Secretaria Municipal da Saúde (Sesau), haviam sido registrados 110 casos naquele ano.
No ano seguinte, houve queda no número de casos, com 71 notificados. Em 2023, os registros voltaram a subir, com 111 casos.
Desde janeiro deste ano, a Capital já soma 83 casos da doença.
Confira dados referentes aos últimos 10 anos:
ANO CASOS MORTES
2014 1.114
2015 730
2016 1.314 1
2017 1.142 3
2018 774
2019 346
2020 78
2021 110 1
2022 71
2023 111
2024 83
Vacina
A principal forma de prevenção e controle da doença é a vacinação. Em 2013, o Ministério da Saúde introduziu a vacina tetra viral, que protege contra sarampo, caxumba, rubéola e varicela (catapora), na rotina de vacinação de crianças que já tenham sido vacinadas com a primeira dose da vacina tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola).
Segundo a Secretaria Municipal de Saúde da Capital, a cobertura em Campo Grande é de 83% em 2024.
Além da tetraviral, também existe uma vacina específica para a varicela. A Sesau recebeu 5.270 doses da vacina varicela neste ano.
"A Sesau orienta que crianças que se enquadram na faixa etária preconizada podem procurar as unidades para avaliação da caderneta e indicação para a melhor estratégia de esquema vacinal. A Sesau informa que aguarda sempre o envio do imunizante pelo Ministério da Saúde. Assim que novas remessas chegam, as vacinas são distribuídas às Unidades de Saúde", diz nota.
A vacina para varicela (catapora) tem suas indicações precisas, levando em conta a situação epidemiológica da doença, por isso não está disponível de forma universal no SUS.
Indicações para a vacinação da catapora (varicela):
População indígena a partir de quatro anos de idade.
Surto hospitalar da doença: vacinar, até cinco dias após o surto, crianças maiores de 9 meses de idade que tenham imunidade baixa e que estejam dentro do hospital e demais pessoas que estejam suscetíveis.
Profissionais de saúde, cuidadores e familiares suscetíveis à doença que estejam em convívio domiciliar ou hospitalar com pacientes com maior risco de contrair a doença com consequências graves, como crianças com câncer, pessoas em geral submetidas à cirurgias, doadores de órgãos e células-tronco, entre outros.
Pacientes com doenças renais crônicas.
Crianças, adolescentes e adultos infectados pelo HIV.
Doenças dermatológicas graves.
Pessoas que fazem uso crônico de ácido acetilsalicílico (aspirina). Recomenda-se suspender o uso por seis semanas apos a vacinação.
Prevenção
As principais medidas de prevenção e controle da catapora (varicela) são:
Vacinação.
Lavar as mãos após tocar nas lesões.
Isolamento: crianças com varicela não complicada só devem retornar à escola após todas as lesões terem evoluído para crostas. Crianças imunodeprimidas ou que apresentam curso clínico prolongado só deverão retornar às atividades após o término da erupção vesicular.
Pacientes internados: isolamento de contato e respiratório até a fase de crosta.
Desinfecção: concorrente dos objetos contaminados com secreções nasofaríngeas.
Imunoprofilaxia em surtos de ambiente hospitalar.
Transmissão
A catapora é facilmente transmitida para outras pessoas. O contágio acontece por meio do contato com o líquido da bolha ou pela tosse, espirro, saliva ou por objetos contaminados pelo vírus, ou seja, contato direto ou de secreções respiratórias.
Indiretamente, é transmitida por meio de objetos contaminados com secreções de vesículas e membranas mucosas de pacientes infectados.
Raramente, a catapora (varicela) é transmitida por meio de contato com lesões de pele. O período de incubação do vírus Varicela, causador da Catapora, é de 4 a 16 dias. A transmissão se dá entre 1 a 2 dias antes do aparecimento das lesões de pele e até 6 dias depois, quando todas as lesões estiverem na fase de crostas.
Importante: Deve-se afastar a criança da creche ou escola por 7 dias, a partir do início do aparecimento das manchas vermelhas no corpo.
Sintomas
Os sintomas da catapora, em geral, começam entre 10 e 21 dias após o contágio da doença. Os principais sinais e sintomas da doença são:
manchas vermelhas e bolhas no corpo;
mal estar;
cansaço;
dor de cabeça;
perda de apetite;
febre baixa.
As bolhas surgem inicialmente na face, no tronco ou no couro cabeludo, se espalham e se transformam em pequenas vesículas cheias de um líquido claro. Em poucos dias o líquido escurece e as bolhas começam a secar e cicatrizam. Este processo causa muita coceira, que pode infeccionar as lesões devido a bactérias das unhas ou de objetos utilizados para coçar.
Aos primeiros sintomas é necessário procurar um serviço de saúde para que um profissional possa orientar o tratamento e avaliar a gravidade da doença. Para evitar o contágio, é necessário restringir a criança ou adulto com catapora de locais públicos até que todas as lesões de pele estejam cicatrizadas, o que acontece, em média, num período de duas semanas. Mãos, vestimentas e roupas de cama, além de outros objetos que possam estar contaminados, devem passar por higienização rigorosa.
Complicações
As principais complicações da catapora, nos casos severos ou tratados inadequadamente, são:
encefalite;
pneumonia;
infecções na pele e ouvido.
A enfefalite é uma inflamação aguda no sistema nervoso central, que provoca a inflamação do cérebro. Se não for tratada, pode ser fatal. Afeta principalmente bebês, crianças e adultos com o sistema imunológico comprometido.
Pessoas com catapora não devem ter contato com recém-nascidos, mulheres grávidas ou qualquer indivíduo que esteja com a imunidade baixa (como pessoas com aids ou que estejam realizando quimioterapia), já que a doença pode ser mais grave nestes grupos.
Com informações do Ministério da Saúde.