Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS, cerca de 10% dos pacientes que foram infectados pelo vírus apresentam algum tipo de sintoma permanente, mesmo após a cura.
As sequelas são mais evidentes em casos mais graves com internação, suporte em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e ventilação mecânica.
Desde que surgiram os primeiros casos, em dezembro de 2019 na China, a literatura médica vem registrando sequelas que podem atingir diferentes partes do organismo.
Até mesmo depois de meses do contágio e da alta médica, existe a chance de surgirem incidentes relacionados ao SARS-CoV-2.
Entre as sequelas mais comuns estão tosse seca, cansaço, fraqueza muscular, dor de cabeça e perda de olfato e paladar. Os sintomas podem perdurar por algumas semanas.
Também há casos de problemas cardíacos, como miocardite (inflamação no músculo do coração) e pericardite (inflamação na membrana que reveste o órgão), que podem levar a sintomas como arritmias. Outra inflamação relatada por especialistas é a miosite, que acomete os músculos e provoca riscos de fraqueza aguda e generalizada.
O rol de infecções sérias desencadeadas pelo coronavírus envolve problemas pulmonares como a fibrose, um enrijecimento progressivo do pulmão capaz de ocasionar falta de ar e má circulação sanguínea. Além disso, podem ocorrer problemas neurológicos mais graves, como sequelas variáveis de AVC (acidente vascular cerebral).
Além da saúde física, a saúde mental também é afetada.
Depois de cuidar dos dois filhos e do marido em 2020, todos com Covid 19, a profissional de saúde, Ana Flávia, 42 anos também se contaminou no início deste ano.
Todos, felizmente, não tiveram complicações. Mas dois parentes não resistiram a doença. Há dois meses, Ana Flávia percebeu que estava desanimada com a vida, uma tristeza frequente e choro fácil.
Ao procurar um especialista, veio o diagnóstico inesperado: depressão. “Sempre fui muito forte nas adversidades, mas percebi que a Pandemia me deixou exausta emocionalmente”, revelou.
Na opinião da médica infectologista, integrante do COE/MS, Mariana Croda, que participa de um projeto de pesquisa sobre o assunto, as sequelas podem atingir inclusive pacientes com poucos sintomas ou assintomáticos.
“A principal é a fadiga, esse cansaço, que pode durar alguns meses, mas é algo persistente. Vale ressaltar que ainda não temos um acompanhamento a longo prazo para definir qual o período que essas sequelas ficam, e se elas são permanentes, ou não”.
Segundo Mariana, há relatos de perda do olfato e paladar por mais de seis meses depois da doença e ainda sem a recuperação completa desses sintomas.
“O vírus causa manifestações neurológicas e isso pode se manifestar de várias formas: dores crônicas, dor de cabeça. Estamos vendo também outras doenças, como as de saúde mental, que também pode estar relacionado: depressivos, episódios de psicose, que também estão acompanhando a covid”.
Outra linha de estudo aponta para doenças de cunho autoimune, no pós-covid.
“Quando seu corpo começa a produzir substancias não reconhecendo você como você mesma e ataca alguns locais e isso inclui as dores articulares, as artralgias, que são os problemas nas articulações, as artrites e algumas outras manifestações mais graves”.
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