Publicado em 20/08/2024 às 16:00, Atualizado em 20/08/2024 às 16:20

Corte no programa Farmácia Popular vai pesar no bolso de população baixa renda

Com o bloqueio de verbas foram afetados cerca de 36% da atividade

Redação,
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Foto: Freepik

O programa Farmácia Popular, que disponibiliza medicamentos sem custo ou a preços baixos para milhões de brasileiros, está prestes a enfrentar uma diminuição em seu orçamento para o ano de 2024. Decisão que afetará principalmente os idosos e população baixa renda. A iniciativa mais impactada pelo congelamento de despesas imposto pelo Governo Federal, visando adequar os gastos às diretrizes do Orçamento da União, foi o programa de saúde. No total, os cortes no programa somam R$ 2,8 bilhões em diversas áreas.

O programa Farmácia Popular contará com um orçamento de R$ 5,2 bilhões em 2024, dos quais R$ 4,8 bilhões são destinados exclusivamente ao sistema de gratuidade, que cobre o serviço gratuito dos medicamentos. Com o bloqueio de verbas foram afetados cerca de 36% do programa. O Ministério da Saúde não forneceu detalhes sobre as razões para essa redução dos recursos do Farmácia Popular. Em Campo Grande são mais de 30 drogarias que possuem o selo de atendimento do Programa.

A aposentada Sandra da Penha de 73 anos frequenta estabelecimentos com o selo de farmácia popular a quase dois anos devido aos valores mais baratos de seus remédios. “Eu pago em média R$ 350 em cinco medicamentos, mas devido ao programa, alguns remédios além de possuírem um valor mais acessível eu também recebo uma caixa de graça se levo três por exemplo. Se eu fosse pagar o valor integral de todos os remédios que eu compro, sairia por R$ 800”, disse.

Com um alto índice de atendimentos a pessoas idosas e a população de classe média, a Drogaria Ultra popular localizada na Rua Yokoama, atende a população próxima ao UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Vila Almeida. A farmacêutica gestora do local, Luciana Furini Vergilio explica que grande parte da população que frequenta a loja depende de medicamento fornecidos de forma gratuita pelo programa do Governo Federal.

“Com os cortes, quem sofre é a população de baixa renda. Acarretando em problemas na renda familiar e fazendo com que a população deixe de investir em outras áreas para focar na saúde”. A gestora afirma que cortes significativos na saúde tendem a diminuir a procura desses medicamentos pelos clientes.

Impactos

A diarista Sandra Ribeiro Marques, que tem 58 anos, comenta que os cortes no financiamento destinado ao Programa do Governo já estão impactando a comunidade de Campo Grande. A toma todos os dias quatro tipos de medicamento que são disponibilizados de forma gratuita. Caso os remédios sejam cortados ela terá que desembolsar cerca de R$ 200 por mês. “Afetaria a questão financeira, eu não posso deixar de tomar os remédios porque são de uso contínuo, caso eles cortem eu teria que dar um jeito de comprar”, afirmou.

Patrícia Veliz, de 34 anos, por sua vez, destaca a importância dos medicamentos oferecidos pelo programa para o tratamento de seu filho de 2 anos, que enfrenta problemas respiratórios após ter sofrido uma crise de pneumonia. “Faça o uso do medicamento há um mês, e o valor médio do remédio é entre R$ 20 a R$ 30. Como foi prescrito pelo médico dois spray do medicamento eu teria que pagar quase R$ 60, mas devido ao programa sai de graça”.

Posicionamento

Em nota, a agência do Governo Federal esclareceu que o orçamento do Farmácia Popular continuará maior que nos anos anteriores. Com a previsão de R$ 3,4 bilhões em 2024, com dados apontando um aumento de 37% em relação a 2022 (R$ 2,48 bilhões). A equipe de comunicação afirmou que o bloqueio no programa diz respeito a uma reserva técnica que será destinada a outra ação. Havendo a possibilidade de recomposição do valor durante o exercício por meio de remanejamentos.

Por João Buchara